São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996 |
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Privatização vai acabar com cargo disputado por políticos
LUCIO VAZ
As presidências e diretorias das empresas foram fatiadas entre PSDB, PFL, PMDB e PTB. Os tucanos ficaram com o filé: as presidências da Telesp (SP), Telerj (RJ) e Telemig (MG), o que gerou crise entre lideranças do PFL e PMDB. Os partidos consideram as teles como o espaço mais nobre do segundo escalão do governo. Quem indica diretores destas empresas tem facilidade para instalar postos telefônicos, orelhões e distribuir telefones celulares. O preenchimento dos cargos foi negociado em troca da aprovação das emendas constitucionais que quebraram o monopólio do petróleo e das telecomunicações, em junho do ano passado. Em Paris, no dia 13 de julho, o ministro Sérgio Motta (Comunicações) disse à Folha que estava em curso a negociação política no preenchimento dos cargos do sistema Telebrás. Em agosto, o processo deslanchou. FHC e o fisiologismo O governo FHC pretende vender as teles até 1988, mas não conseguiu acabar com o fisiologismo. Em abril de 1997 deverá ocorrer o último loteamento de cargos. Depois, não haverá mais cargos a serem preenchidos por políticos em negociações por voto para os projetos do governo. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), diz que "a maioria da Casa quer a privatização. A quebra do monopólio foi aprovada por três quintos" (308 dos 513 votos da Câmara). Além do fisiologismo, a distribuição dos cargos teve a marca do nepotismo (contratação de parentes) no ano passado. A presidência da Telern (RN) ficou com Garibaldi Alves, pai do governador Garibaldi Alves Filho. Na Telesc (SC), a presidência foi disputada entre o primo do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, Victor Konder Reis, e o irmão do governador Paulo Afonso, Francisco Afonso Vieira. Venceu Bornhausen. Políticos desempregados também foram colocados nas companhias. O ex-deputado e presidente do PSDB de Minas Gerais, Saulo Coelho, foi nomeado presidente da Telemig por indicação do governador Eduardo Azeredo. O governador Mário Covas indicou o presidente da Telesp (SP), Sampaio Dória. A hegemonia do PSDB no início das nomeações incomodou o PFL. As nomeações eram analisadas como uma partida de futebol. "Está 5 a 1 para o PSDB", protestou o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). Protestou, mas não levou. Texto Anterior: China atrai múltis e impõe restrições Próximo Texto: Cargos são usados como moeda política Índice |
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