São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Crônica de Natal
OSIRIS LOPES FILHO É tempo de Natal. O ambiente, que vai se impondo, inspira o aparecimento dos melhores sentimentos nas pessoas. Solidariedade, compreensão, boa vontade, fraternidade, caridade, são algumas sensibilidades prontas a se transformarem em ação.Há um apelo para a paz e a concórdia entre a humanidade. É época de nos sentirmos, pela influência de Cristo, ligados ao próximo, seus companheiros fraternais nesta passageira e tumultuada viagem pela vida. O nosso Natal tropical tem clima mágico. Há neve, trenó puxado a renas, Papai Noel, esperança de presentes no imaginário das crianças e dos adultos e desejo de fartura nas mesas. A propósito da abundância, a propaganda governamental enfatiza que, graças à excelência do Plano Real, finalmente a classe trabalhadora (literalmente, a que continua trabalhando, posto que ainda mantida no emprego) tem tido frango à sua mesa, não só neste Natal, mas com frequência, a cada dia do ano. É a fatura do marketing. E a classe média, submetida a desemprego, rigor do Imposto de Renda, arrocho salarial, atraso do 13º salário, como está, diante da política predominante no país? Mas o presidente Fernando Henrique Cardoso está tentando oferecer um presente de Natal especial ao povo brasileiro. Não é uma simples dádiva, de concretude imediata. Tem ingredientes que a valorizam. Há sonho, esperança, felicidade, mistério, nesse presente. A oferenda do presidente FHC tem desprendimento, sacrifício e generosidade. O presidente está empenhado em ofertar ao povo a suprema felicidade de poder tê-lo no governo, por mais quatro anos. A continuidade da estabilidade do Plano Real, as realizações que virão, a felicidade, o desenvolvimento do país, o bem-estar do povo, a volta do emprego e do salário digno, tudo isso compõe o ambiente místico, propício a que a grandeza do presente presidencial sugira a redenção do país e do seu povo. Tão impressionante é o empenho do presidente da República nessa doação ao nosso sofrido e esperançoso povo, tão comovedora a magnanimidade da sua oferta, que a sua dimensão pessoal e de poder extravasam os limites republicanos e ganham a qualidade e "status" e nobreza imperiais. Embora sem a articulação competente do deputado Cunha Bueno, caminha-se para restaurar a monarquia no país. Osiris de Azevedo Lopes Filho, 57, advogado, é professor da Universidade de Brasília e ex-secretário da Receita Federal. Texto Anterior: Fundamentos microeconômicos da globalização Próximo Texto: OCDE aposta em convergência global Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |