São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Embaixador passou a pão e água no Peru

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

Pão e água. Esse foi o regime do embaixador do Brasil no Peru, Carlos Coutinho Perez, no primeiro dos três dias em que esteve em poder dos guerrilheiros do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru).
Perez foi libertado da residência oficial do embaixador do Japão no Peru às 19h20 (22h20 em Brasília) de anteontem, com 37 reféns.
No cativeiro, Perez dormiu no chão em um quarto com outros 45 reféns e enfrentou dificuldades como o calor, falta de água e ausência de comunicação com o exterior.
O embaixador disse que seu nome foi escolhido por outros diplomatas que estão entre os reféns para auxiliar nas negociações.
Logo depois de ter sido libertado, Perez foi para sua casa, acompanhado dos embaixadores da Coréia do Sul, Lee Won Young, e do Egito, Samy Ismail, do economista Alejandro Toledo e do parlamentar peruano Javier Diez Canseco, que também eram reféns.
Quando saiu da casa de Perez, Diez disse que eles teriam um papel de interlocutores na crise.
Em sua entrevista, porém, o embaixador do Brasil negou que tivesse qualquer papel nas conversações sobre a crise. "O Brasil não vai centralizar coisíssima nenhuma", disse. Ele acrescentou que não tinha planos de voltar ontem à casa do embaixador do Japão.
Segundo ele, o MRTA está disposto a negociar. O problema é que continua a exigir a libertação de todos os seus membros presos.
Um homem que se identificou como o "comandante Evaristo", líder do sequestro, disse a uma rádio local que todos os reféns seriam libertados na noite do dia 24. A autenticidade da informação não pôde ser confirmada.
Perez pode se encontrar ainda hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília. Ontem, o Itamaraty informou que o embaixador foi convocado por FHC para fazer um relato pessoal sobre o episódio. Um avião da Força Aérea Brasileira estava ontem em Lima para trazer o embaixador e sua partida deveria ocorrer à noite.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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