São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Baleado tenta indenização e ganha dívida

Engenheiro deve R$ 52,2 mil de custas

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Assaltado e baleado dentro do supermercado Makro, o engenheiro José Rodolpho Walter Waitz, 67, perdeu na Justiça a ação indenizatória proposta contra a empresa e ainda foi condenado a pagar R$ 54.250 de despesas com o processo.
"Levo o tiro e ainda tenho que pagar. Não sei mais de onde tirar dinheiro. Só me resta ser preso e acabar meus dias na cadeia", disse ele à Folha.
O drama de Waitz começou em 16 de novembro de 1979, quando foi abordado por um homem armado no estacionamento do Makro (Penha, zona norte do Rio).
Waitz diz que entregava relógio e dinheiro quando um segurança da firma Proban, responsável pela segurança no Makro, atirou contra o ladrão. Um tiro dado pelo assaltante atingiu o engenheiro, perfurando-lhe estômago e fígado.
O Makro é fechado ao público. Só clientes cadastrados têm acesso à loja e ao estacionamento.
Waitz foi operado e diz ter passado 15 dias em estado grave. Teve acompanhamento médico por um ano e psicológico por quatro anos.
Ele era o principal sócio da firma Tape Engenharia, que empregava 200 pessoas e tinha contratos com a Prefeitura do Rio, Telerj, Light, condomínio Barramares, Carrefour e Metrô, por exemplo.
Ao se recuperar, Waitz voltou à firma que, sem seu principal condutor, perdera a clientela. Dois anos depois, ele diz ter vendido a Tape "em troca de bananas".
Sem emprego, passou a se desfazer do patrimônio acumulado, inclusive de dez imóveis.
Hoje, Waitz trabalha uma firma de eletrônica, emprego que lhe rende cerca de R$ 3.000 mensais. "Na Tape, eu tirava em dinheiro o suficiente para comprar um fusca e meio por mês", afirma ele.
Após 17 anos de disputa, a 4ª Vara Cível condenou o engenheiro a pagar as custas processuais, avaliadas em R$ 54.250, e penhorou dois terrenos como garantia.
Waitz recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília. Ele pede a anulação de todo o processo, propondo que a causa seja reiniciada como se o tiro tivesse sido disparado ontem.
Contratado pelo Makro, o escritório Pinheiro Neto Advogados informou que não se manifestará sobre o caso.

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