São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996 |
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Telesp ajuda a comprar o Ruth Escobar
ARMANDO ANTENORE
A Apetesp adquiriu o imóvel em setembro. Já repassou R$ 2 milhões à antiga proprietária -a Dinâmica Promoções Culturais, empresa da atriz e ex-deputada estadual Ruth Escobar. Deverá pagar outros R$ 3,5 milhões nos próximos 24 meses. A associação conseguiu os R$ 2 milhões iniciais junto à Telesp. A companhia telefônica paulista cedeu o dinheiro sob a forma de patrocínio cultural e poderá abatê-lo do Imposto de Renda, usufruindo da Lei Rouanet. Ruth Escobar e a Apetesp pretendem anunciar oficialmente a transação em 31 de janeiro, durante um coquetel no teatro. Desde o dia 6 de novembro, entretanto, a associação detém a posse do imóvel. "O Balcão" Inaugurado em dezembro de 1964, o teatro possui três salas, que somam 690 lugares. Celebrizou-se, nos anos 60 e 70, por promover debates políticos que repudiavam o regime militar e exigiam a redemocratização do país. Figuras importantes da oposição -como Fernando Henrique Cardoso, Luís Carlos Prestes, Lula, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Hélio Bicudo, Plínio Marcos e Ferreira Goulart- participavam das discussões. Em 1969, o teatro abrigou uma montagem histórica de "O Balcão", peça do francês Jean Genet. A crítica da época apontou a cenografia do espetáculo como "revolucionária e ousada", responsável por "inovar mundialmente a concepção de espaço cênico". Bingo Ruth Escobar colocou o prédio à venda há cerca de sete meses. De acordo com a Dinâmica, as primeiras propostas de compra partiram de empresários espanhóis que planejavam transformar a área num bingo. Em junho, a Apetesp -entidade sem fins lucrativos, que nasceu há 24 anos, tem 120 associados e já é dona do Centro Cultural Maria Della Costa- manifestou o desejo de adquirir o edifício da Bela Vista e mantê-lo funcionando como teatro. Ruth Escobar deu prioridade à associação e reivindicou R$ 5 milhões à vista. A Apetesp argumentou que não dispunha de toda a verba naquele momento. Ruth aceitou receber a prazo, mas elevou o preço para R$ 5,5 milhões. A Apetesp, então, saiu atrás do dinheiro. Pediu R$ 3 milhões para o Ministério das Comunicações, R$ 800 mil à Petrobrás, R$ 500 mil à Secretaria Municipal de Cultura e outros R$ 500 mil à estadual. Por enquanto, somente o ministério acatou a solicitação. Mas, em vez de R$ 3 milhões, liberou R$ 2 milhões via Telesp. Como contrapartida, o teatro abrirá espaço publicitário para a companhia telefônica até o ano 2000. O nome da Telesp irá aparecer, por exemplo, em placas internas e externas do prédio, nos anúncios das peças publicados pela imprensa e no programa de todos os espetáculos. Metade Ruth Escobar não recebeu os R$ 2 milhões de uma vez. A Apetesp pagou metade em 30 de setembro e a outra parcela um mês depois. Foi o presidente da associação, Sérgio D'Antino, quem revelou os detalhes do negócio. Ele diz que continuará buscando os R$ 3,5 milhões restantes em órgãos do governo e empresas públicas. Também recorrerá à iniciativa privada. D'Antino afirma que o teatro não tem dívidas nem precisa de reformas significativas. Como está viajando pela Índia, Ruth Escobar não pôde atender a Folha. No entanto, Ameir de Paula Barbosa -vice-presidente da Dinâmica- confirmou a venda por R$ 5,5 milhões e o patrocínio da Telesp. Texto Anterior: Monumentos passarão por reforma Índice |
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