São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
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Brasileiro é acusado por assalto do século

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Um pai-de-santo brasileiro, identificado pela polícia argentina somente como "pai Vladimir de Oxalá", foi interrogado ontem em Buenos Aires por seu suposto envolvimento no roubo de US$ 18 milhões de uma empresa distribuidora de valores, no maior assalto deste século na Argentina.
A polícia argentina deteve o brasileiro na madrugada de anteontem, após uma batida em sua casa, que também é terreiro, em Lanús, na Grande Buenos Aires.
Ali, os policiais dizem ter encontrado US$ 3 milhões em uma geladeira industrial. Agora falta achar os US$ 15 milhões restantes.
Segundo a polícia, Vladimir afirmou que não tinha nada a ver com dinheiro presente em sua casa, que seria de algum dos frequentadores do centro de umbanda.
O brasileiro deve permanecer preso por pelo menos mais uma semana, até que o juiz responsável pelo caso, Pablo Bruno, determine por que crime ele deverá ser processado.
"Pelo que encontramos na casa, acreditamos que ele faça parte da quadrilha", disse o delegado Eduardo Curletto, chefe Divisão de Roubos e Furtos.
Algumas versões policiais davam conta de que Vladimir seria o líder da quadrilha e conheceria alguns dos empregados da distribuidora de valores, que teria facilitado a ação dos criminosos.
O assalto do século durou 40 minutos e não teve nenhum tiro. À 0h40 da última sexta-feira, dois homens vestidos de policiais tocaram a campainha da distribuidora de valores Firme Seguridad.
A empresa concentrava o 13º salário de trabalhadores de indústrias da cidade. Dois seguranças permitiram a entrada dos homens, que os dominaram. Na sequência, entraram mais dois assaltantes.
Os ladrões prenderam nos banheiros da empresa os 18 funcionários e cinco guardas. Segundo testemunhas, havia mais dois membros da quadrilha fora do prédio.
Até agora foram detidos três suspeitos de participar no roubo -o brasileiro e os dois seguranças da companhia assaltada, acusados de permitir a entrada dos assaltantes.
Mas a polícia está atrás de outros envolvidos, que estão foragidos. Para tanto, colocou agentes em todos os portos e aeroportos das proximidades de Buenos Aires.
Os delegados do caso investigam a presença de mais brasileiros no assalto. O pai-de-santo está incomunicável por ordem do juiz.
Ele está sendo representado por um advogado argentino, Jorge Omar Irineu, que se apresentou ontem ao juiz acompanhado de um outro pai-de-santo, Jorge Benítez, argentino.
Benítez disse que Vladimir está na Argentina há dois meses e que também trabalha em Uruguaiana e Montevidéo.

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