São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
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O POLÍTICO E A EDUCAÇÃO

Para alguns pode ser considerado bastante questionável o princípio segundo o qual os cargos de primeiro escalão de um governo devem ser preenchidos apenas por técnicos especializados nas respectivas áreas e não por políticos. Certamente nem uns, nem outros, pela condição adquirida, são infalíveis.
Porém, em setores tradicionalmente problemáticos, como é o caso da educação, é de se esperar, se não a presença de um técnico na chefia do Executivo, a de um político com reconhecida familiaridade em relação às questões e aos desafios que terá pela frente, ou, no mínimo, com acentuada capacidade de coordenar esforços em torno de si para conseguir realizar uma gestão eficiente.
Ao ser indicado como futuro secretário municipal da Educação na capital paulista, o ex-juiz, deputado federal pelo PFL e também vice-prefeito eleito, Régis de Oliveira, admitiu não ter conhecimentos técnicos da área em que irá atuar. Mas mostrou disposição para colher informações junto a especialistas e oferecer aos técnicos uma estrutura adequada para que possam exercer suas funções.
Para tomar decisões em sua secretaria, o futuro secretário acredita contar com o suporte de seus estudos sobre "direito administrativo", com o desejo de "ouvir" e com o "bom senso de saber escolher o melhor caminho". Parecem credenciais bastante modestas. Os próximos quatro anos mostrarão se a modéstia, nesse caso, é ou não uma estratégia de sábia prudência diante dos desafios que terá de enfrentar, numa área em que a administração de Paulo Maluf não mostrou o mesmo empenho verificado em outros setores.
Parece positivo o intuito de Régis de Oliveira de cuidar de dois fatores fundamentais: salários dos professores e segurança nas escolas. Outro grande desafio será adaptar a rede para a parcial municipalização do ensino público estadual, prevista pelo governo Covas. Que o político saiba mobilizar os técnicos para tarefas, essas sim, nada modestas.

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