São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996 |
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Preço do litro cobriu com folga os custos de produção este ano Número de vacas ordenhadas e produtividade crescem no país SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES
A produção, que havia crescido 12% em 95, voltou a subir 8% este ano, chegando a 19 bilhões de litros. O clima colaborou e os preços recebidos pelos produtores remuneraram, com folga, os custos de produção. O preço médio recebido pelo produtor de leite tipo C, da região Sudeste, foi R$ 0,2754/litro. Mais importante do que o aumento da produção, foi a forma como aconteceu. Além do crescimento do número de vacas ordenhadas, houve expressiva melhoria na produtividade. Como explicar então a posição de alguns analistas que insistem em afirmar que a produção de leite do Brasil está estagnada? Provavelmente eles se baseiam em estatísticas mal interpretadas. Acontece que cerca de 60% dos produtores tiram até 50 litros/dia e respondem por apenas 20% da produção total. Consumo cresce Ou seja, são os sistemas de produção desses pequenos produtores que estão estagnados. O consumo de leite e derivados aumentou muito nos dois últimos anos, devido ao Plano Real. A demanda está de tal modo aquecida que, mesmo com o crescimento da produção interna e das importações, o preço recebido pelo produtor continuou elevado. O Brasil importou 2,24 bilhões de litros este ano, correspondentes a 12% da produção doméstica. A soma da produção interna com a importação resulta numa disponibilidade total de 134 litros por habitante em 96. Nos dois últimos anos, o consumo per capita cresceu 27% em relação à média entre 85 e 94, com alguns derivados crescendo 100%. Hoje as importações estão facilitadas pelo prazo de pagamento, que chega a 360 dias, e pela taxa de juros dos financiamentos nos países de origem (6% a 8% ao ano). Mercado livre Vale registrar ainda que o preço do leite em pó no mercado internacional dobrou nos últimos anos e que, fora do Mercosul, existe imposto de importação de 30%. Este ano fica marcado também pelas profundas transformações que ocorreram nas relações entre a indústria e os produtores. O aumento da concorrência (interna e externa) e a necessidade de melhorar a qualidade da matéria-prima fizeram a maioria dos laticínios praticar o pagamento diferenciado pelo volume e qualidade. Dentro de uma mesma indústria, cada produtor recebe um preço diferente pelo leite. Essa diferença chega a 50%. A prevalência dessa prática provocará profundas modificações no segmento. Após a liberação do preço, em 1991, este ano foi o que mais aprofundou as forças do mercado livre. Ele termina deixando cada vez mais distante a cultura do "preço justo", que mais parece um conceito religioso. Texto Anterior: Quarto-de-milha vende 1.748 animais Índice |
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