São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996 |
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A qualidade na saúde
LUÍS NASSIF Saúde é verba. Mas também gestão. A partir de experiências sobre qualidade na saúde, relatadas pela coluna, o ministro do Planejamento, Antonio Kandir, solicitou levantamento de experiências bem-sucedidas de administração hospitalar.Foi constituída uma Comissão Nacional de Gestão da Qualidade e Produtividade em Saúde, no âmbito do ministério, visando a pesquisa. Foram analisados 15 casos. Documento de 29 de novembro passado traz conclusões e experiências relevantes. Hospital das Clínicas de Porto Alegre - Hospital universitário, constituído como empresa pública de direito privado, filiado ao Ministério da Educação e do Desporto. Foi criado em 1970. Há dez anos adotou práticas de gestão e administração participativas e passou a ser considerado pela Enap (Escola Nacional de Administração Pública) uma das 35 melhores organizações públicas do país. O HCPA dispõe de 3.172 funcionários e 254 professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Antes de 1984, o hospital estava subordinado à universidade. Dependia de recursos da União e não tinha autonomia para captar e aplicar recursos próprios, contratar e demitir pessoal e definir sua estrutura organizacional. A partir de 1984, sob a liderança do professor Carlos César de Albuquerque, passou a dispor de autonomia, profissionalização, produto de acesso e integração à rede do SUS. Passou a recorrer a planejamento estratégico, definições de missão e princípios diretivos, diretrizes operacionais, programas de informática e de qualidade. No período de 1984 a 1994 as consultas médicas saltaram de 200 mil para 550 mil por ano, as internações de 14 mil para 25 mil, e as cirurgias, de 11 mil para 20 mil. Além de ter-se transformado em um centro formador de recursos humanos para a área de saúde. Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Fundada em 1803, dispõe de seis unidades e 1.349 leitos. Em 1995, realizou cerca de 75 mil consultas ambulatoriais, 4.890 internações hospitalares e 4.368 procedimentos cirúrgicos. A partir da crise do SUS em 1993, a Santa Casa implementou programas de qualidade total, acompanhado de um plano de investimentos e ações de marketing. O programa de qualidade incluiu a constituição do Conselho e do Núcleo de Qualidade, e formação de Grupo de Solução de Problemas. Além disso, despendeu 1.968 horas de eventos de educação para a qualidade. Seu planejamento inclui o objetivo de conquistar o Plano Nacional de Qualidade no ano de 2003. Maternidade Darcy Vargas, de Joinville (SC) - Fundada em 1947. Tem 351 funcionários e 117 leitos. Padecia de problemas de baixa qualidade de serviços e do atendimento aos pacientes, entre outros defeitos. Em 1992 houve eleição de nova diretoria, pelos próprios funcionários. Implantou-se novo modelo gerencial, com contratação de consultoria externa, e planejamento estratégico. O Programa Qualivida adotou métodos de qualidade total. De 1992 a 1995 o hospital saltou de um déficit de 188% para um superávit de 6%, em relação às despesas do ano. O índice de absenteísmo caiu de 40% para 13%. Em 1994 recebeu o prêmio Hospital Amigo da Criança (Unicef). Serviço Social Autônomo das Pioneiras Sociais - Em 1991 assinou contrato de gestão com o governo. Tem orçamento à parte da Saúde. O trabalho não traz maiores dados sobre a experiência. Hemorio, do Rio (Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti) - Fundado em 1944, como primeiro banco de sangue do país. Anos atrás estabeleceu parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear, para mudar o modelo gerencial. Adotou os instrumentos da qualidade total. O tempo de atendimento ao doador caiu de 3:30 horas para 1:15 horas. 91% dos pacientes se consideraram satisfeitos, entre outros indicadores positivos. Texto Anterior: Samsung volta a negociar com Fokker Próximo Texto: Sertão do Ceará vira pólo calçadista do Nordeste Índice |
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