São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996
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Ilhas do passado

VALDO CRUZ

Brasília - A autonomia administrativa e financeira das universidades federais é a principal meta do Ministério da Educação para 1997. Mais uma vez, muita gente no meio acadêmico deve chiar e tentar resistir.
Foi assim durante o ano que termina. Reitores, professores e alunos, com exceções, é claro, tentaram derrubar as medidas adotadas pelo governo no sentido de forçar a modernização das universidades federais.
O provão é um exemplo clássico. O medo de se submeterem a uma avaliação levou reitores e alunos a tentarem sabotar o exame.
Afinal, é melhor continuar fazendo o jogo do faz-de-conta: o professor finge que ensinou, o aluno que aprendeu, e ninguém cobra de ninguém. Tudo à custa do dinheiro do contribuinte.
Aprovada a autonomia, as escolas de ensino superior terão liberdade para gastar sua verba como desejarem. Isso elas querem.
Mas, em contrapartida, terão de prestar contas ao governo federal. Aí aquelas que não forem eficientes passariam a receber menos recursos.
A nova metodologia não deve agradar àquelas universidades que ainda vivem como imensas ilhas dentro do Brasil, desconectadas do mundo real.
A autonomia é um passo importante no sentido de acabar com o corporativismo e tornar eficientes as universidades federais.
Pena que um outro debate tenha sido esquecido por esse governo: a universidade federal gratuita deve ou não ser mantida?
Por que não estabelecer que os alunos com boas condições financeiras paguem seu curso superior, deixando o dinheiro do contribuinte para aqueles que precisam do ensino gratuito?
*
Brasília, neste final de ano, fica bem mais agradável. Os políticos deixam a cidade, levando consigo as negociatas.
Por aqui ficou o presidente FHC, que passa o Natal com a família no Palácio da Alvorada.
A tranquilidade, infelizmente, acaba com as festas de fim de ano. Em janeiro, a batalha da reeleição vai esquentar.

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