São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 1996 |
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Procurador acusa ex-secretário do RN Medeiros protegeria policiais EMANUEL NERI
Conhecido por "Meninos de Ouro", o grupo de extermínio é acusado de praticar 28 assassinatos. Responsáveis pela apuração desses crimes, dez pessoas, entre elas o procurador, tiveram seus nomes incluídos em uma lista para também serem assassinados. Por causa dessas ameaças, a Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) solicitou ao governo brasileiro proteção policial para elas. O Ministério da Justiça criou comissão para apurar a denúncia. Dois dos policiais acusados de envolvimento nos assassinatos foram presos. Outros acusados estão respondendo a inquérito. Cavalcanti disse que parte deles trabalhava no gabinete de Medeiros. O procurador diz não ter provas sobre o envolvimento de Medeiros nos crimes. Mas, segundo Cavalcanti, o ex-secretário "criou dificuldades" nas investigações sobre o envolvimento de seus subordinados nos crimes atribuídos a eles. Em outubro passado, foi assassinado um advogado e ativista de direitos humanos que denunciara o envolvimento dos policiais nesses assassinatos. Pressionado por Brasília, o governador Garibaldi Alves Filho (PMDB) afastou Medeiros. O procurador disse que ele e os promotores que investigam o caso nunca receberam ameaças diretas de morte. Mas confirma que seus nomes apareceram em uma lista de pessoas marcadas para morrer. "Se foi uma armadilha para intimidar o Ministério Público, houve perda de tempo", disse. Para ele, nenhuma ameaça "impedirá a apuração". A lista com os nomes das pessoas ameaçadas foi entregue por um presidiário para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O advogado Gilson Carvalho, assassinado em outubro, também constava da relação. Além de Cavalcanti, constam os nomes de seis promotores, um delegado e dois integrantes do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Natal. O Ministério da Justiça dará proteção a eles. O secretário da Segurança do Rio Grande do Norte, Sebastião Américo de Souza, disse ontem que tem enviado à Justiça, para "providências legais", toda denúncia que chega a ele sobre o envolvimento de policiais em assassinatos. "Mas não acredito que exista grupo de extermínio formado por policiais", disse. Para ele, o ex-secretário Medeiros é "um patrimônio da polícia" local. "Ele é tido aqui como um policial exemplo." Texto Anterior: Estatais foram saneadas para venda, diz secretário Próximo Texto: Mercado exclui jovens e desqualificados Índice |
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