São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 1996
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Argentina prepara reação à MP dos carros

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

A MP (medida provisória) que incentiva a instalação de montadoras nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil continuam repercutindo na Argentina.
Depois dos protestos dos industriais do país vizinho, agora membros do governo prometem uma reação à altura.
Na Chancelaria argentina, Jorge Campbell destacou que a MP gerou "preocupação no âmbito governamental".
"Vamos ser claros e fortes. E faremos nossas exigências se realmente houver uma violação dos acordos do Mercosul", afirmou Campbell, responsável pela relações econômicas internacionais da Chancelaria.
Ele esclareceu que "o governo ainda está analisando se a medida afeta ou não algum compromisso do Mercosul".
Mais diplomático, o secretário de Indústria e Mineração, Alieto Guadagni, afirmou que o governo está escutando as montadoras, para depois formar a proposta argentina de compensação ao prejuízo de seu país na disputa com o Brasil pelos investimentos estrangeiros.
"Na reunião que terei com o ministro Francisco Dornelles, vou apresentar a proposta. Por enquanto, não descartamos qualquer idéia vinda das montadoras", disse Guadagni.
A Adefa (Associação de Fábricas de Automotores) quer que os carros fabricados nas regiões com incentivos fiscais sejam considerados como de fora do Mercosul.
Dessa forma, os veículos receberiam impostos alfandegários de 35% de seu valor para entrarem nos mercados da Argentina, Paraguai e Uruguai.
Críticas no Congresso
Enquanto o governo argentino se contém para criticar ao Brasil e a seu presidente, Fernando Henrique Cardoso, o deputado Humberto Roggero disparou contra os incentivos criados.
"O Brasil não cumpre com nada do que é acertado. O governo argentino não deve admitir essas medidas unilaterais", disse o deputado Humberto Roggero Roggero, do Partido Justicialista (governista).
Roggero é o presidente da comissão de Indústria da Câmara de Deputados argentina.
"O governo tem que dar uma resposta contundente porque está em risco a viabilidade da união alfandegária", disse.
"Os investimentos fugirão e o desemprego vai aumentar em várias centenas de trabalhadores", disse o parlamentar.

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