São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996
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Garota ficou grávida aos 13 anos

DA SUCURSAL DO RIO

P.C.G.S., 14, tinha 13 anos quando soube que havia "um sujeito superlegal" que tocava violão e frequentava um trailer perto de sua casa em um condomínio no bairro de Inhaúma, zona norte do Rio.
Passou a ir ao lugar para conhecer o tal homem, 14 anos mais velho do que ela.
Em março, teve sua primeira relação sexual, que foi com esse homem mais velho.
Logo depois da meia-noite da noite de Natal, ela deu a luz, de parto normal, a um menino saudável -Pedro Henrique.
Morena, sorridente, cursando a 6ª série em escola da rede pública perto de sua casa, P. diz que foi "imatura" por que não se preveniu. "Eu sabia os riscos que estava correndo. A gente sempre pensa: comigo não vai acontecer. Aí aconteceu", diz.
Filha de Marilaine, uma professora de C.A. (curso de alfabetização) que trabalha em duas escolas e recebe R$ 521 por mês, P. disse que vai parar de estudar por seis meses e depois cursar um supletivo para completar o primeiro grau em menos de dois anos.
"Vai ser quando ele vai começar a me pedir coisas. Aí vou trabalhar", diz ela.
Por enquanto, a mãe vai sustentar a filha e o neto.
"Caí no chão", diz Marilaine, ao lembrar do momento que descobriu a gravidez da filha. Descobriu, aliás, não é bem o termo. Ela só confessou quando a mãe disse que levaria a menina ao médico.
"Os seios dela estavam enormes, não tinha mais cintura", lembra Marilaine.
Aborto
P. afirmou que não contou à mãe porque pensou em "tirar o neném", mas quando viu já era tarde.
Os métodos que usou para tentar o aborto não deram certo. "Vesti roupas apertadas, fui ao Playcenter, fiz tudo errado mas não adiantou", diz, sorrindo, enquanto segura Pedro Henrique no colo no quente e apertado quarto-e-sala.
P. lembra quando contou: "Minha mãe ficou desesperada e eu disse que depois todo mundo ia ficar curtindo. Foi o que aconteceu".
Namorado
O namorado de 28 anos só soube que P. estava grávida pouco tempo antes do parto.
"O pai dela decidiu que a gente não ia contar, mas um dia vi ele passando pela rua e falei, porque queria saber se ele ou alguém da família tinha alguma doença", diz Marilaine.

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