São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996
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Como subir na vida fazendo o óbvio

MILTON GAMEZ
REPORTAGEM LOCAL

O carioca José Francisco Canepa, 44, nunca ouviu falar do norte-americano Oliver B. Adams, 80. Nem este dele. E devem continuar assim: um está prestes a emigrar para os Estados Unidos, o outro está chegando ao Brasil para ficar.
O primeiro preside a Credicard, maior administradora de cartões de crédito do país, e foi convidado para ocupar um alto posto na matriz do Citibank, em Nova York.
O segundo, concebido na região da Nova Inglaterra, preside a maior agência de propaganda de Nova York, a Oswald Advertising Agency.
Além do desencontro, o que é Canepa e Adams têm em comum? Ambos são executivos bem-sucedidos, adoram charutos cubanos e subiram na vida fazendo coisas -perdão, prolixos- óbvias.
Habituaram-se a pensar simples para resolver problemas complexos de grandes corporações. Em suma, aprenderam que fazer o óbvio é o melhor caminho para crescer e aparecer.
Canepa sabe que nada é mais irritante que ficar pendurado no serviço de atendimento telefônico das administradoras de cartão.
Não que o serviço tenha ficado excelente. Mas os funcionários passaram a resolver pendências mais rapidamente e a atender mais clientes.
"A idéia é óbvia, mas parece complexa. Se o atendente tem poderes para decidir na hora, o cliente fica satisfeito. Se houver erro, o problema fica para a retaguarda, que resolve mais tarde", explica.
Canepa não sabia, até antes do Natal, se mudar-se com a família para Nova York era a decisão óbvia a tomar em sua invejável carreira de administrador.
Mas tudo bem. Oliver Adams demorou 80 longos anos para desembarcar no Brasil, desde que foi inventado pelo escritor Robert R. Updegraff e publicado nos EUA, em 1916. Pelas mãos da Cultura, o personagem já está nas prateleiras.
O conselho chega bem na hora em que notáveis gurus da administração arrependem-se publicamente de suas teorias mirabolantes e pedem para que esqueçam o que escreveram. Obviamente, depois de milhões de livros vendidos.

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