São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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No Rio, inauguração da Linha Amarela atrasar seis meses

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Estrela dos comerciais da vitoriosa campanha do PFL carioca em 96, a Linha Amarela -via expressa entre Barra da Tijuca (zona sul) e ilha do Fundão (zona norte)- só será totalmente inaugurada com pelo menos seis meses de atraso.
Uma divergência entre a Prefeitura do Rio e a empreiteira OAS, envolvendo preços das obras, causou a queda no ritmo dos trabalhos, que só deverão acabar em maio de 1997. Previa-se a inauguração para novembro passado.
Com custo estimado oficialmente em R$ 273 milhões, a Linha Amarela é o exemplo mais caro de obra da prefeitura cujo atraso só foi conhecido do público após as eleições -mas não é o único.
Sacramentada a vitória de Luiz Paulo Conde (PFL), eleito sob a bandeira da continuidade das obras de Cesar Maia (PFL), a administração municipal anunciou o adiamento para 97 de outras inaugurações previstas para 96.
"Se tivesse perdido as eleições, botava todas as obras em três turnos de trabalho, para entregá-las prontas a meu sucessor", diz Maia.
"Mas, como vencemos, o trabalho pode seguir em um ritmo um pouco mais suave, apenas em dois turnos", afirma o pefelista.
Além da Linha Amarela, tiveram as inaugurações adiadas para 97, entre os grandes programas do Rio, o projeto Rio-Cidade (de reforma urbanística) na rua Real Grandeza, em Botafogo, em parte do Leblon (zona sul) e na Tijuca (zona norte); a reurbanização da praça da Cruz Vermelha e da praça 15; e a construção de infra-estrutura do Teleporto (centro de comunicações e negócios), na Cidade Nova (centro).
Segundo Maia, por causa de imprevistos, 1% das obras da Prefeitura do Rio serão entregues fora dos prazos originais.
Em valores, porém, a conta é mais alta. As obras que serão inauguradas com atraso mobilizam, pelo menos, cerca de R$ 350 milhões, 14% dos R$ 2,5 bilhões investidos pela administração.
Reajuste de preço
A queda no ritmo de trabalho na Linha Amarela, maior obra da prefeitura, acontece, segundo Maia, por iniciativa da OAS, empreiteira responsável pelos lotes 2 e 3 da obra e que exige reajuste de preço.
Curiosamente, o conflito entre empreiteira e prefeitura só se tornou público depois do segundo turno das eleições, em que o candidato do PFL derrotou o postulante tucano, Sérgio Cabral Filho. Na campanha, o PFL mostrou, na TV, imagens de Conde, capacete de operário na cabeça, passeando na via expressa em construção.
Durante a disputa, Cabral Filho acusou Maia de favorecer a OAS, que teria ligações com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Conde diz que a obra é legal e tem a aprovação do Tribunal de Contas do Município.
Na contabilidade da campanha pefelista, a empreiteira não aparece como doadora. "A Linha Amarela está 93% pronta", afirma Cesar Maia.
A Folha tentou ouvir a OAS sobre o assunto, mas, na empresa, funcionários alegaram estar em férias coletivas e não haver ninguém autorizado a se pronunciar.

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