São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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Empresas vendem mais passagens que lugares

HENRIQUE SKUJIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Muitos passageiros que programaram as férias durante meses podem chegar ao aeroporto na hora certa, com a passagem na mão e não embarcarem. Nessa época do ano, os atrasos e cancelamentos de vôos são frequentes.
O excesso de viagens do avião aumenta a necessidade de manutenção, atrasando os vôos.
O "overbooking" -quando a companhia vende mais passagens do que a capacidade do avião- é comum em viagens para as cidades mais visitadas.
Segundo Luiz Antônio de Oliveira Mello, 52, presidente da AVAA (Associação das Vítimas de Atrasos Aéreos), de dezembro a fevereiro, o número de reclamações de passageiros contra empresas aéreas costuma crescer até 50%.
Problema cultural
O casal Jabour foi vítima de um atraso de 21 horas. Patrícia Jabour, 31, e seu marido embarcariam às 5h do dia 27 para Aruba.
Devido a problemas mecânicos, o avião da Air Aruba ficou em manutenção e o vôo foi adiado para às 2h do dia seguinte.
Outro episódio típico dessa época aconteceu no último dia 21. Um vôo da Vasp para Nova York teve excesso de 48 passageiros. A companhia reconheceu o erro, mas afirmou que "o overbooking é um problema cultural do Brasil".
O argumento da Vasp e de outras companhias aéreas que confirmaram a prática do overbooking, como Varig e TAM, é que os brasileiros reservam lugar em várias companhias. "Isso não ocorre nos Estados Unidos", diz Linoel Dias, coordenador da assessoria de comunicação da Vasp.
Lee Ling Wei, supervisor da Vasp no aeroporto de Cumbica, afirma que "o passageiro que comprou o bilhete pode decidir não viajar e só aparecer em outro dia sem avisar a companhia".
Um comunicado da Vasp dita que "para garantir o ressarcimento dos elevados custos, a empresa é obrigada a trabalhar com um adicional de reservas", que, segundo Wei, pode chegar, por lei, a 10%.
A Varig concorda com a Vasp e afirma que no primeiro semestre deste ano registrou 17,5% de "no show" -quando o passageiro faz a reserva e não comparece- em vôos domésticos e 13% nos internacionais. O prejuízo mensal somente no embarque de refeições teria sido de US$ 387 mil.
A Varig cita um vôo para Atlanta, em julho, época da Olimpíada, que tinha 356 reservas e apenas 79 passageiros compareceram.
Mau controle
Contrariando o que acontece com Vasp, Varig, TAM, entre outras, algumas companhias não trabalham com o "overbooking".
O gerente de reservas da Alitalia, Nilton da Silva, diz que a empresa prefere sair com lugares vazios.
Segundo Silva, a questão é causada pelo "mau controle da companhia". Ele acredita que, para sanar o problema, basta cancelar as reservas feitas pelos passageiros que não derem retorno no prazo estabelecido pela empresa.

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