São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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A SAGA DO CHOCOLATE

CÁSSIO STARLING CARLOS
DA REDAÇÃO

Com a descoberta da América, em 1492, os europeus encontraram também dois produtos que, numa espécie de vingança colonial, seduziram e conquistaram o mundo -o tabaco e o chocolate. O primeiro vem sendo submetido hoje a uma dura inquisição, mas, até segunda ordem, o futuro do chocolate é bem doce.
O mais completo estudo sobre o chocolate e a fascinação que ele exerce desde suas origens foi publicado recentemente nos EUA. Escrito pelos antropólogos Sophie e Michael D. Coe, "The True History of Chocolate" (A Verdadeira História do Chocolate) reconstitui a saga do mito alimentar.
A obra dissipa lendas e recoloca a importância das culturas pré-colombianas na invenção do chocolate, assim como esclarece as transformações que a bebida de sabor amargo consumida pelos astecas e maias sofreu até ocupar a posição de guloseima favorita do mundo.
O Mais! traz nesta edição uma análise do trabalho do casal Coe feita pelo historiador britânico e brasilianista Kenneth Maxwell, autor de estudos como "Devassa da Devassa", sobre a Inconfidência Mineira, e "Marquês de Pombal - Paradoxo do Iluminismo".
Os Coe investigam as raízes religiosas do culto ao chocolate, reconstituindo a veneração que as culturas pré-colombianas tinham ao cacau, matéria-prima para sua produção, considerado uma dádiva dos deuses. Ao batizar cientificamente a planta, o botânico Lineu consolidou a tradição. Teobroma cacao quer dizer literalmente alimento dos deuses.
E a expansão do culto não pára. No Brasil, por exemplo, o consumo per capita cresceu mais que o dobro nos últimos dez anos -saltou de 0,79 Kg em 1985 para 1,8 kg no ano passado.
Cientistas anunciam a cada dia novas descobertas sobre os efeitos do chocolate no organismo. Ao associá-lo à tranquilidade ou comparar seus efeitos aos do orgasmo e da maconha, os pesquisadores contribuem para a mitologia.
Por outro lado, adoradores do chocolate utilizam a Internet para difundir sua crença (e seu vício). E artistas plásticos, como a britânica Helen Chadwick, mostram que o produto pode ter outros usos, além dos alimentares.

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