São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Carro é baleado por guardas de Maia

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Guardas municipais que fazem a segurança noturna do prefeito do Rio, César Maia (PFL), atiraram ontem de madrugada em um carro que passava em frente à residência oficial da Gávea Pequena, na floresta da Tijuca (zona norte).
O motorista da camionete Mitsubishi atingida por um dos quatro disparos, o comerciante Márcio Antônio Freitas de Lima, 30, saiu ileso. Ele disse à Folha que estava perdido quando o atacaram.
Os guardas municipais José Adamastor Bezerra Júnior, 30, e Carlos Eduardo Iribarnei Martins, 40, confessaram ao delegado Alcides Pereirade, da 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea (zona sul), que foram os autores dos disparos.
Os dois foram autuados por porte ilegal de arma -guardas municipais são proibidos de andar armados em locais públicas- e por expor a perigo a vida do comerciante. A DP os liberou após pagarem, cada um, fiança de R$ 30.
Bezerra Júnior e Martins disseram na DP que acharam suspeito o Mitsubishi passar três vezes em frente à casa, por volta de 0h30. Segundo os seguranças, eles deram ordem ao motorista para parar o carro. Como a ordem foi desobedecida, os seguranças atiraram. O único tiro que atingiu o Mitsubishi destruiu o vidro traseiro.
O motorista disse que passou três vezes em frente à casa do prefeito por não saber o caminho para a Barra da Tijuca (zona sul), onde mora. "Estava perdido, de madrugada, em um lugar escuro. De repente dois homens de preto, armados, no meio da estrada, me mandam parar. Não reconheci a farda, não sabia se era assalto, sequestro, e não parei", afirmou o comerciante, dono de um posto na Barra (leia texto abaixo).
O comerciante afirmou que se perdeu na floresta da Tijuca depois que tentou fugir de um engarrafamento em São Conrado (zona sul).
Ele disse que ia do Leblon para a Barra quando ficou preso em um congestionamento perto das boates Ritmo e Circus, em São Conrado.
Para escapar do trânsito, Lima disse que entrou na estrada das Canoas, que liga São Conrado ao alto da Boa Vista (acesso à Barra), na floresta da Tijuca. "Acabei me perdendo lá em cima. Entrei em uma rua, depois em outra e acabei passando pelos mesmo lugares três vezes", disse o comerciante.
Depois que os guardas atiraram no carro, Lima disse que foi abordado por uma patrulha da PM que vigia as proximidades da casa do governador Marcello Alencar, também na floresta da Tijuca.
O comerciante e o Mitsubishi foram revistados. "Ele estava limpo", disse à Folha o delegado Alcides Pereira. Durante a revista pela PM, chegou ao local um carro com cinco guardas municipais. Os autores dos tiros se identificaram e foram presos pelos PMs.

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