São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Mortalidade materna é alta no Brasil

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O sistema de saúde pública está matando as mães brasileiras a um ritmo bem superior ao que seria de se esperar. Apesar de existirem relativamente menos mães na população -pois a taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) tem caído-, os índices de mortalidade materna não têm diminuído na mesma proporção.
Em compensação, continua alto o número de mães que morrem em consequência da gravidez. As mais recentes estatísticas são de 1988 e mostram que morrem em média 134,7 mães para cada 100.000 crianças nascidas vivas.
"Esse índice é 14 vezes maior que o dos EUA e 34 vezes maior que o do Canadá", diz a demógrafa Elza Berquó, que compilou as estatísticas para um trabalho apresentado no ano passado nos EUA.
Berquó preside a Comissão Nacional de População e Desenvolvimento, criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, e empossada em 29 de novembro passado.
O índice de mortalidade se manteve praticamente o mesmo na década de 80 mesmo no Estado com o melhor sistema de saúde.
Em São Paulo, eram 55,2 mães mortas para cada 100.000 nascimentos de crianças vivas em 1980; em 1987, o índice mal tinha mudado, para 54 mortes (veja quadro). Em 1993, segundo dados do governo do Estado, o número estava em 50 mortes.
"É um indicador de má assistência de saúde", diz Berquó. Na década de 90, "o sistema de saúde continua em situação precária, em que pese o fato de o ministro Jatene ter feito esforços", afirma. O gasto per capita em saúde caiu no Brasil de US$ 80 em 1989 para US$ 48 em 1993, comparado a U$ 1.500 no Primeiro Mundo.
Uma coisa mudou: hoje não existem estatísticas atualizadas sobre a mortalidade das mães. Os dados do censo de 91 sobre o tema continuam indisponíveis -nunca houve uma demora tão grande na divulgação de um censo.

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