São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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'Não fazia a menor idéia de que ele morava ali'

DA SUCURSAL DO RIO

O comerciante Márcio Antônio Freitas de Lima, 30, disse à Folha que não parou o carro porque acreditava que poderia acabar sendo atacado por assaltantes ou por sequestradores.
Ele disse que, há um ano e meio, já havia sido assaltado e preferiu fugir dos guardas a parar para desconhecidos armados.
Em entrevista à tarde na piscina do "apart hotel" onde mora na Barra da Tijuca, Lima falou sobre a situação vivida de madrugada em frente à residência oficial do prefeito César Maia.
*
Folha - O que o sr. fazia em frente à casa do prefeito?
Márcio Antônio de Lima - Estava perdido. Tentei fugir do engarrafamento em São Conrado, entrei na estrada das Canoas para pegar a estrada do Alto e me perdi.
Folha - Quantas vezes o sr. passou em frente à Gávea Pequena?
Lima - Três. Mas nem sabia que ele morava ali, não fazia a menor idéia.
Folha - Como foi ação da Guarda Municipal?
Lima - Na segunda vez, vi um homem de farda preta no meio da rua. Quando voltei, ele estava com a arma na mão, mandando encostar.
Atrás do carro já vinha outro. Pensei: não sei o que é isso, não vou parar. Fingi que ia parar, desviei e fugi. Aí eles atiraram.
Folha - Por que o sr. não parou?
Lima - Não reconheci a farda, não sabia se era assalto, sequestro. Há um ano e meio, quatro homens me renderam no Jardim Botânico e levaram meu BMW.
Folha - Depois dos tiros, o que o sr. fez?
Lima - Fiquei apavorado. Só pensava em ir embora, mas logo adiante vi uma patrulha da Polícia Militar, que fora atraída pelos tiros.
Parei o carro e saltei com as mãos para o alto. Fui revistado e logo em seguida os guardas do prefeito chegaram.
Folha - O sr. foi bem tratado por PMs e guardas municipais?
Lima - Não tenho queixa. Depois que me revistaram e viram que eu não tinha nada, fiquei até com pena dos guardas. Eles foram presos na hora pelos PMs porque não podem andar armados na rua.

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