São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Por que parou?

CARLOS SARLI

O Circuito Brasileiro de Surfe teve início no último final de semana e parou.
Depois da etapa de abertura, neste ano realizada em Torres (RS), só em agosto voltaremos a ter uma disputa pelo ranking.
Parou por quê? A Abrasp (Associação Brasileira de Surfe Profissional), que idealiza o calendário, tem sua parte de responsabilidade.
Com apenas uma etapa prevista -e cancelada- para o outono, época boa na região Sul/Sudeste, e com o cancelamento de uma e antecipação de outra previstas para o verão, teremos sete meses de paralisação, a não ser pelos circuitos regionais. Esses ainda dependem de confirmação.
É muito pouco. A etapa mais forte de um torneio estadual garante 400 pontos para o primeiro colocado. O competidor do circuito brasileiro poderá, ao final da temporada, somar seus três melhores resultados regionais para computar como uma etapa do Brasileiro.
Como são nove as etapas previstas e 25% dos resultados são descartados, salvo novos cancelamentos -o que considero provável-, os sete melhores resultados definirão o campeão de 96.
Outro aspecto -esse, velho conhecido- é o financeiro, argumento recorrente dos ex-candidatos a patrocinadores de etapas.
Neste ano, parece que os pessimistas -alguns se autoproclamariam realistas- superam os otimistas, que mantêm ou estréiam suas etapas no tour nacional.
Associada à idéia financeira, me ocorre uma questão mais séria: o retorno.
Responda rápido: quem é o atual campeão brasileiro de surfe profissional? E o vice? Na verdade, o que o patrocinador quer saber é qual o resíduo/retorno de seu investimento.
Uma etapa três estrelas do Brasileiro/WQS representa um investimento de aproximadamente US$ 150 mil, um bocado de trabalho e tempo ocupado. Quantos centímetros de mídia impressa e/ou segundos de rádio e TV são necessários para justificar esse esforço?
É preciso criar novos atrativos para voltarmos a ter um circuito realmente forte.
A ASP (Association of Surfing Professionals), que organiza o Circuito Mundial, tem incentivado a realização de etapas em datas e locais que priorizam a qualidade das ondas.
O campeonato da Indonésia, que estreou no ano passado, é o exemplo mais claro. Foi considerado o melhor de todos os tempos.

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