São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Assessorias definem quem é quem nos desfiles

SUZY CAPÓ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Começa a temporada de moda, entram em ação as pessoas que são quase tão importantes quanto os estilistas -os relações-públicas. Afinal, todo mundo do meio quer ser convidado para os desfiles e ainda se sentar num bom lugar.
São os escritórios de assessoria que garantem o sucesso junto à mídia dos eventos realizados por seus clientes durante o ano. Nos períodos de entressafra, esses profissionais mantêm o nome do cliente na mídia incluindo roupas em editoriais de moda, colocando notas em colunas sociais etc.
"As pessoas acham que trabalhar com moda é oba-oba, mas é um trabalho muito sério", conta Gisele Najjar, 38, responsável pela divulgação do desfile da Ellus, que abriu ontem os lançamentos para o outono-inverno em SP. O mapeamento de assentos é, para as assessoras, o aspecto mais infernal do trabalho. "Eu quase apanho no Phytoervas Fashion", desabafa Daisy Bregantini, 43, da empresa Attachée de Presse.
Atenciosa e profissional, mas "na dela", Daisy é fã do estilista Walter Rodrigues. "É uma responsabilidade e tanto", suspira, enquanto se prepara para a próxima edição do evento, que acontece em fevereiro por três dias para um público diário de 3 mil pessoas.
Sua opinião é compartilhada por Gisele Najjar, 38, que tem como clientes as marcas Der Haten, Walter Rodrigues, Boat, Cia. de Linho, Allimaglia, Ellus e Caio da Rocha. "A parte mais chata é lidar com o cara que acha que deveria estar sentado na primeira fila e não está", diz ela, que faz a linha simpática e fofa.
Parece simples mas, com a importância social atribuída aos eventos de moda nos últimos tempos, controlar o público pode ser uma verdadeira batalha. Uma assessora que preferiu não se identificar conta que já levou até mordida de um jornalista contrariado.
Os critérios utilizados para definir o mapa de assentos não diferem muito entre uma assessoria e outra. Segundo oito escritórios consultados, os disputados lugares da "first row" são reservados aos profissionais que estão de fato cobrindo o evento.
A utopia de todas as assessoras tornou-se realidade para a ex-modelo Fátima Muniz Freire, 34, que tem a conta de Alexandre Herchcovitch: no desfile do estilista, realizado nos corredores do hospital Humberto Primo, todos as cadeiras foram colocadas lado a lado, numa grande "primeira fila". Ao lado dos jornalistas, são reservadas boas cadeiras para os chamados formadores de opinião. "São pessoas bonitas, legais, que estão na mídia e trazem glamour e prestígio para o evento", explica Patricia Casé, 38. Animada, Casé faz a linha popular, meio vizinha. E atribui seu sucesso justamente a isso: "Transito por todas as turmas, isso facilita muito meu trabalho". Segundo ela, que adora a moda de Reinaldo Lourenço, Salve-Rainha, Zoomp e Zapping ("a minha cara"), "tato e jogo de cintura" são atributos indispensáveis.
Casé trabalha com eventos culturais há 14 anos, mas há em São Paulo quem se especialize apenas na moda. Com uma das mais seletas listas de clientes da cidade (G, Reinaldo Lourenço, Alice Capella, Char-lex, Patachou, Fendi, Fogal, Triumph), Sonia Gonçalves, 37, toma para sua empresa MSG o mérito de ter sido "a primeira assessoria de moda". "Eu não saberia fazer para um hospital", ilustra Sonia, chamada Soninha em coro, por todo o meio de moda. Frequentadora habitual das temporadas internacionais, Soninha divulga a inglesa Vivienne Westwood no Brasil e veste muita G. E define a profissão: "Sou um instrumento do sucesso."

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