São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996 |
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Rasi esquece Paris e mergulha em Bauru
NELSON DE SÁ
Escrita por Mauro Rasi em homenagem à sua própria mãe, que havia morrido pouco antes e se chamava Pérola, é uma declaração de amor hilariante. Desta vez, sem as afetações da trilogia anterior, também criada a partir de memórias. Desta vez, como indica aliás a escolha do nome da mãe para a personagem, a ficção é ainda menor e talvez seja também menor a necessidade de algo além do humor, da comédia -cuidado que parece perseguir Mauro Rasi, como perseguiu antes Woody Allen, ou mesmo Neil Simon. "Pérola", é certo, ainda beira o melodrama em certas passagens, mas é uma celebração da alegria e da mãe italiana e algo despachada de Emílio, que cumpre as vezes de Mauro Rasi na trama. A identificação do público é incontornável. A atriz Vera Holtz faz a mulher de ideais frustrados e mágoas familiares, patética ao limite das lágrimas da platéia -de carinho e de riso. Uma cena em especial, que nem se deve propriamente ao texto, sendo criação superior da atriz, define personagem e peça. Pérola dança com o filho, com o genro chato, com a família toda numa festa de quintal -e os gestos exagerados, sem ritmo, todo aquele ridículo que tanto envergonha o filho são vencidos, trazendo a platéia abaixo, como se diz. É hilariante e emocionante, como em raras vezes o crítico conseguiu ver no palco. Também é a peça mais engraçada que o crítico já viu de Rasi, uma peça que acompanha os seus textos curtos recentes, no mais corrosivo besteirol -como a caricatura de Fernando Henrique, de um ano atrás, em São Paulo. O próximo passo -nem poderia ser outro- é uma comédia musical com as "tias". Mauro Rasi desistiu de Sartre e de Paris, como Woody Allen desistiu de Bergman. Já era tempo. (Nelson de Sá) Texto Anterior: Brasil vive o seu clímax: o verão chegou! Próximo Texto: Falabella reage à decadência Índice |
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