São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Concorde, que voa Mach 2, volta ao Rio

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

A volta do Concorde ao Rio, depois de 20 anos, parece cena do filme "De Volta para o Futuro".
Único supersônico de passageiros em operação, o avião franco-britânico fez vôos regulares entre Paris e o Rio de 21 de janeiro de 1976 a 31 de março de 1982.
Voltou agora para uma única viagem, dessa vez fretado por operadores de turismo de Marselha.
Sua aterrissagem no Galeão, às 13h55 do dia 21 de janeiro de 1996, juntou uma pequena multidão de pilotos e curiosos.
Projetados entre 1963 e 1969 para serem os aviões do futuro, os Concordes foram abatidos pela crise do petróleo, em 1973.
Todas as companhias aéreas, exceto a Air France e a British Airways -as duas principais sócias do projeto- cancelaram na época suas encomendas, que somavam 70 desses supersônicos.
Hoje, apenas 12 dos 14 aviões fabricados operam vôos entre Paris e Nova York, caso da Air France, e entre Londres e Nova York, no caso da British Airways.
"A velocidade custa caro", disse o comandante Claude Hétru, 58, piloto do vôo que trouxe o Concorde de volta ao Rio, num vôo de cerca de 6 horas.
O comandante Hétru, que no ano passado bateu o recorde de volta ao mundo, dando a volta no planeta em 31 horas e 27 minutos (escala incluída), é o primeiro a admitir que o Concorde, que considera "o melhor avião do mundo", envelheceu. "Mas envelheceu bem", diz.
Com capacidade para apenas cem passageiros, sem computador de bordo e um painel repleto de ponteiros onde os jatos mais modernos têm instrumentos digitais, o Concorde voa a uma altitude de 18 mil metros e atinge uma velocidade duas vezes maior que a do som, cerca 2.200 km/h (Mach 2).
Outros aviões de carreira em operação viajam à metade da altitude do supersônico e a velocidades de cerca de 900 km/h.
Interior austero
A configuração interior do Concorde tem apenas duas poltronas de cada lado e, de tão austera, lembra um avião soviético.
A luz é indireta, como convém a um design dos anos 60, as janelas são pequenas, o espaço entre as poltronas é menor do que o da primeira classe e o preço do vôo é salgado (veja texto na pág. 6-12).
Apesar de ter envelhecido, o Concorde ainda é o único avião de carreira capaz da façanha de partir da capital francesa às 11h e chegar às 8h45 do mesmo dia a Nova York e, de quebra, juntar uma pequena multidão de pilotos onde quer que aterrisse.

Texto Anterior: Exagero e requinte marcam moda local
Próximo Texto: Companhias fazem promoção no Concorde
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.