São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996 |
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Exagero e requinte marcam moda local
JOÃO PEDROSA
É de lá que saem todos os poderosos do futuro na Inglaterra, porque é lá que estuda toda a classe dominante. Os ingleses são um povo peculiar. Para começar, acreditam em realeza. São uma sociedade classista. Esnobe pelo próprio sotaque, que identifica suas classes e as classifica, literalmente. Os uniformes dessas universidades e os seus alunos, intelectuais ou atletas, representam não só uma sociedade de privilégios, mas principalmente todo um estilo de vida que muitos criadores da moda emprestaram para as suas identidades visuais. Os "blues", os atletas de Cambridge, foram os modelos originais do "casual chic" no esporte, inspiração de toda uma geração de estilistas nos últimos 30 anos, principalmente Ralph Lauren. Todo o estilo teve enorme revival com o filme "Carruagens de Fogo" e a série de televisão "Memórias de Brideshead", ambos de 1981, mas ainda na moda. Além do esportista, um segundo tipo é uma instituição tão forte quanto a própria universidade é a figura do dândi. Os hippies de butique e os mods, ambos do final dos anos 60, são evoluções desses dândis. Eles ainda acreditam em "dress up" (se vestir além da conta) e na alfaiataria inglesa, por sua construção perfeita, realizada agora com um look moderno. O "boater" (chapéu palhinha), o colete de seda colorido, o terno branco debruado em azul, a gravata de listras, o chapéu "bowler" usado pelos professores, suspensórios, pulôveres com decote em V, e a famosa capa preta usada nos jantares são elementos que inspiraram dândis de todas as épocas. Os dândis atuais usam esses elementos com radicalismo. Eles nada mais são do que uma evolução natural da extravagância desses jovens impertinentes, eruditos, criativos e ricos. Texto Anterior: Lewis Carroll misturou menininhas e equações Próximo Texto: Concorde, que voa Mach 2, volta ao Rio Índice |
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