São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Moeda de troca

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Anteontem, já causou certa estranheza a nota da CBN que dizia "líder do PFL critica o desemprego e dá sugestões". Uma delas, "investir os bilhões gastos no Banespa na geração de emprego no Nordeste".
Em especial, como afirmou o líder pefelista à Manchete, nas "obras hídricas". Não é do PFL, realmente, preocupar-se com o desemprego.
Ontem, mais estranheza na Manchete, quando a "frente parlamentar alcooleira" (sic) foi pedir apoio ao presidente com igual argumento:
- O problema envolve a questão crucial do emprego, porque são um milhão e 350 mil empregos diretos, fora os indiretos. No total, mais de três milhões de empregos.
(Os "alcooleiros", segundo a Globo, "alegam que o preço do álcool está defasado".)
Os "alcooleiros" não estão sozinhos, ou apenas com o PFL nordestino, quando se trata de recorrer ao desemprego.
A Fiesp, que vem disputando a vanguarda no assunto com a própria CUT, diz que a saída é a "flexibilização" dos direitos trabalhistas -que ela, Fiesp, paga. Diz um diretor:
- Não é possível que haja na lei um arcabouço rígido de regras sobre horas de trabalho, sobre benefícios, direitos os mais diversos.
Direitos que a CUT quer manter, claro, oferecendo no lugar o fim dos encargos que sustentam entidades da própria Fiesp, com diretores da Fiesp, por exemplo, o Sesi.
O diretor da Fiesp, claro, não vê com bons olhos:
- Em tese, nós achamos que deve haver até a eliminação de encargos sobre a folha. Só que temos que achar uma saída para essa questão. Todo mundo sabe da enorme importância dessas entidades.
Não há coisa alguma, nem o mais digno dos pleitos sociais, que não acabe por se tornar -na expressão da Manchete- "moeda de troca".
Apenas bilhões
É o que dá, o uso de cifras bilionárias para quase tudo -nesta equipe de governo, neste ano eleitoral.
Se o PMDB já pediu meio bilhão para seu Ministério dos Transportes, o PFL também quer uma cifra redonda.
- Apenas R$ 2 bilhões já serviriam para concluir todas as obras hídricas do Nordeste.
Banalizaram o bilhão.

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