São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Paulinho e Gil impõem condições à reconciliação

CRISTINA GRILLO
FERNANDO PAULINO NETO

CRISTINA GRILLO; FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Gilberto Gil e Paulinho da Viola colocaram ontem condições para se reconciliarem. Paulinho quer que Gil admita que não deveria tê-lo chamado de "canalha"; Gil espera que Paulinho tome a iniciativa do reatamento.
"Se ele dissesse 'venha cá, me dê um abraço', eu também pediria desculpas pelo que ele acha que eu fiz", disse Gil à Folha.
Os dois romperam uma amizade de 30 anos por causa da polêmica envolvendo o cachê pago aos artistas pela participação no "Tributo a Tom Jobim", na festa do réveillon carioca.
Gilberto Gil, que desde ontem passa uma temporada de férias em sua casa em Salvador, afirma não poder retirar o "canalha" por não ter usado o adjetivo contra Paulinho da Viola.
"O que eu disse é que por todos os xingamentos, quatro pedras, patadas, grosserias e situações de deslealdade que ele fez a mim, eu poderia considerá-lo canalha e mentiroso, mas não o considero."
"O 'canalha' ainda ecoa nos ouvidos de Paulinho", diz João Bosco, cunhado do compositor. Segundo Bosco, Paulinho está "profundamente magoado e ferido" com as expressões usadas por Gil e por isso tem evitado aparecer e dar declarações.
"Ainda não é o momento para uma reconciliação. Só com o tempo eles poderão reconhecer os erros e excessos, lavar as mágoas e criar um sentimento sincero de reconciliação", diz Bosco.
Gil vê o dedo de João Bosco e de Lila, mulher de Paulinho, na raiz de toda a discórdia. "Paulinho sabe que não fui desleal. Os sentimentos expressos com relação a mim, Caetano, Chico e Gal não são dele. Quem está atrapalhando são o João e a Lila", afirma.
Gil acha que Paulinho agora se vê na situação "compreensível mas não justificável" de apoiar "a mulher que ama e com quem tem filhos".
Por enquanto, os dois lados concordam em apenas um aspecto: vai ser muito difícil reunir Gil, Paulinho, Chico, Caetano, Gal e Milton em um especial, como a TV Globo pretende.
O vice-presidente de operações da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, determinou que Aloísio Legey, um dos diretores de núcleo da emissora, entrasse em contato com os artistas para produzir o que já está sendo chamado na emissora de "o especial da paz".
"Acho difícil, porque alguém vai ter que recuar. Ou nós, de nossa posição de defender nosso compromisso com a ética, ou ele, que terá que fazer um 'mea culpa"', afirma Gil.
"Paulinho não ofendeu ninguém, mas foi muito ofendido. Qual seria o sentido de subir num palco e se abraçar com os outros para a TV Globo?", diz Bosco.

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