São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fevereiro começa com juros em baixa

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Passada a pseudo-tormenta do câmbio, chegou a hora da falsa bonança dos juros.
Ontem, enquanto o dólar manteve-se estável e longe da marca fetichista de R$ 1,00, os juros caíram no mercado aberto (overnight), nas agências dos bancos e nos mercados futuros da BM&F.
Logo pela manhã, quando o mercado aberto ainda apostava numa taxa efetiva de 2,38% ao mês para fevereiro, o Banco Central entrou vendendo títulos a juros bem mais camaradas, de 2,31% ao mês (taxa over de 3,61%).
Foram dois leilões de BBC com vencimento na segunda-feira, 5.
Como os juros do over alastram-se para toda a economia, o efeito foi imediato: os bancos derrubaram a taxa dos CDBs prefixados para 2,42% ao mês (contra 2,50% efetivos em janeiro) e reviram suas previsões no mercado futuro para 2,34% em fevereiro (2,38% na véspera).
A queda dos juros no over foi razoável, de 2,57% efetivos em janeiro para 2,31% projetados para fevereiro.
Mas não se pode falar em bonança no custo do dinheiro: o nível das taxas que corrigem a dívida interna continua muito alto, equivalente a 31,53% ao ano. É mais que o dobro da inflação prevista para 1996, de 15%, e equivale a um juro real primário de 14,37%.
Enquanto as taxas não alcançam níveis desejáveis (tipo 12% totais ao ano), o país vai continuar dançando sob a música dos juros gradualmente descendentes.
Autor da melodia, o BC introduziu ontem uma nova "banda informal" dos juros, isto é, espaço de flutuação das taxas ao longo do mês, conforme as necessidades da política monetária.
A nova banda do over deve estar, segundo palpites de operadores, entre 3,61% e 3,81%, caso o BC respeite o intervalo entre o piso e o teto praticado em janeiro.
No mercado cambial, os bancos viram a nova banda (R$ 0,97 a R$ 1,06 por dólar) passar sem fazer alarde. O dólar foi negociado a R$ 0,9780 para compra e R$ 0,9781 para venda, estável como nunca.
As Bolsas mantiveram o pique de alta consagrado em janeiro: subiram 2,29% em São Paulo e 2,60% no Rio. O volume negociado na Bovespa chegou a R$ 436,6 milhões.

Texto Anterior: Ipea reduz para 3,7% estimativa de expansão
Próximo Texto: Paoli passa a ser consultor do Mappin
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.