São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Paoli passa a ser consultor do Mappin

CELSO PINTO
COLUNISTA DA FOLHA

Pacifico Paoli, o polêmico ex-superintendente da Fiat, está, desde ontem, com um pé no Mappin.
Ele foi contratado, por um período de 90 dias, como consultor para reexaminar toda política operacional e gerencial do Mappin.
A empresa está em meio a um amplo processo de "reposicionamento e revisão operacional", explica seu presidente, Carlos Antônio Roca. Paoli vai examinar todo o projeto, fazer proposições e avaliações.
O Mappin, segunda maior loja de departamentos do país, com vendas superiores a R$ 1 bilhão no ano passado, segundo Roca, passou por turbulências recentes, resultado da abertura à concorrência externa e da estabilização.
No ano passado, foi feito um diagnóstico de qual poderia ser o novo posicionamento do Mappin e identificadas as mudanças necessárias, envolvendo desde a informática a processos, sistemas e recursos humanos.
Alguns passos já foram dados. O passivo bancário, que era de R$ 78 milhões, foi reduzido "significativamente", através de securitização (transformação de receita futura em títulos) no mercado externo. Outras mudanças deverão ser anunciadas em um mês.
Para Paoli, a essência do negócio do Mappin não é muito diferente do da Fiat: "Deixar a clientela feliz".
O engenheiro italiano Pacifico Paoli, 52 anos, teve passagem tão bem sucedida quanto controversa, nos cinco anos que dirigiu a Fiat. Tirou a empresa do último lugar entre as montadoras para o segundo e quintuplicou o faturamento.
Com um estilo agressivo, fez, ao mesmo tempo, vários inimigos. Comprou uma briga pública com o vice-presidente da Volks, Miguel Jorge, inédita num setor que sempre operou como um comportado cartel. Apertou as revendedoras e reclamou do governo.
Ao final, apesar do sucesso na performance, perdeu o poder, em dezembro, por uma intervenção direta da matriz da Fiat, em Turim. Saíu, oficialmente, para montar uma concessionária Fiat.
Este plano permanece, segundo Paoli, "até porque eu acho um ótimo negócio". Ao mesmo tempo, contudo, ele montou uma consultoria e acabou tendo o Mappin como seu primeiro cliente.
A abertura externa colocou vários desafios ao Mappin. "A concorrência induz a grandes mudanças no setor de varejo, que serão intensas nos próximos dois a três anos", prevê Roca.
Entre elas, poderão ocorrer associações de grupos nacionais com cadeias internacionais, ele admite. O Mappin já negociou e concluíu acertos operacionais com grandes grupos internacionais do setor, ainda não anunciados.
Além da contratação de Paoli, o Mappin acertou também a vinda de Nelson Savioli como diretor de recursos humanos. Savioli teve passagens na Johnson & Johnson, na Rhodia e no Globo.

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