São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Cineasta faz ataque à CBF

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O cineasta Murilo Salles, 45, diz que ganhou um presente do céu quando foi convidado a dirigir o filme oficial da Copa-94, "Todos os Corações do Mundo", que estréia hoje em todo o país.
O filme, apoiado pela Fifa, custou R$ 9 milhões e contou com cem profissionais espalhados por várias cidades dos EUA e de meia-dúzia de outros países.
Salles, que tem em seu currículo os longas-metragens "Nunca Fomos Tão Felizes" e "Faca de Dois Gumes", falou à Folha sobre a produção do filme.
Segundo ele, a chefia da CBF dificultou as filmagens. O filme deve ser lançado em breve nos EUA e na Europa.

Folha - Qual foi o grau de liberdade que a Fifa lhe concedeu?
Salles - Liberdade total. Eles só disseram que cada time deveria ter o destaque correspondente a sua campanha na Copa do Mundo.
Na primeira montagem que fizemos do material filmado, o Maradona aparecia muito mais. A Fifa viu e disse que era muito, porque a Argentina tinha caído fora logo, e tivemos que remontar.
Folha - Houve alguma coisa censurada pela Fifa?
Murilo Salles - Eles só vetaram duas cenas: uma em que um gerente de cassino de Las Vegas falava sobre as apostas nos favoritos da Copa e outra que mostrava um torcedor holandês deprimido após a derrota para o Brasil.
A primeira, eles acharam que associava o esporte ao jogo; a segunda, que invadia a privacidade do torcedor.
Folha - Por que há poucas cenas de bastidores da seleção brasileira?
Salles - Porque a chefia da delegação do Brasil boicotou o filme, dificultando ao máximo o trabalho da nossa equipe.
Só duas seleções bloquearam o nosso trabalho: a do Brasil e a da Alemanha. As outras ajudaram.
Folha - Que reação você espera do público?
Salles - O filme é um grande espetáculo. Ele procura captar e transmitir a emoção do futebol.
Tudo -a música, a montagem, o texto- está voltado para isso. Acho que quem gosta de futebol vai se emocionar, mesmo um ano e meio depois da Copa.
O filme transpira a alegria e o tesão de toda a equipe. Nosso único sofrimento é que não podíamos torcer.

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