São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Uma Janela para a Lua" enfoca a loucura

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Antes de ser a estréia de um cineasta, "Uma Janela para a Lua" é a estréia no longa-metragem de um psicólogo. E essa é sua preocupação principal: observar a loucura e a maneira de tratá-la fora dos métodos clássicos da psiquiatria.
O que se dá é o encontro de um matemático com os lunáticos. O matemático Lorenzo (Tcheky Karyo) vem do norte, é bem-sucedido, e tudo o que quer é ver a casa paterna reformada para passá-la nos cobres. Quem orienta a reforma é Salvatore (Nino Manfredi), que em suas empreitadas trabalha com os doentes mentais de uma instituição das redondezas.
Talvez o fundamento do filme possa ser resumido por uma definição de loucura dada por um dos personagens: ela são as defesas que se criam para um homem não ser tocado pela dor. Definição que não deixaria de incluir -por uma série de razões- o próprio protagonista.
Embora Simone trabalhe com intimidade e desenvoltura a questão da loucura, é necessário notar que a filmagem é muito irregular.
Tem momentos com força e interesse documental, outros em que o cineasta capta a poesia dos seres diferentes, dos "lunáticos", e chega ao que parece ser seu principal objetivo: torná-los dignos de consideração e estima.
Na maior parte do tempo, no entanto, o filme permanece exterior à loucura, tal como procura defini-la Simone, isto é, como diferença e como irredutível. Sensatamente, quase quadradamente, o cineasta expõe de maneira didática a questão de que trata, ao mesmo tempo em que demora a estabelecer a ligação entre o "normal" Lorenzo e os "outros" da história.

Filme: Uma Janela para a Lua
Produção: Itália, 1994, 88 min.
Direção: Alberto Simone
Elenco: Nino Manfredi, Tcheky Karyo, Isabelle Pasco
Estréia: hoje, nos cines Cinarte 2 e Arouche 1

Texto Anterior: Cindy Crawford faz feio na estréia na tela
Próximo Texto: 'Todos os Corações ...' retrata emoção da Copa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.