São Paulo, sábado, 3 de fevereiro de 1996
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Ásia é a potência do fim do século, elege fórum

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Governantes e empresários apostam na Ásia não apenas como o "tigre" do momento, mas como a sensação econômica até a virada do século.
Essa avaliação ficou nítida ontem, num dos debates da 26ª edição do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
O economista Rudiger Dornbusch (MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA) pediu aos presentes que votassem em que país ou região achavam que ocorreria o maior crescimento econômico até o final do século.
Deu, pela ordem, China, Japão e outros países asiáticos. Só então surgiram EUA e América do Sul.
Os votantes não eram cidadãos comuns, mas cerca de 200 dos quase 800 empresários que participam do fórum cujas empresas movimentam algo em torno de US$ 4 trilhões ao ano.
Também os debatedores apostaram na Ásia. Previu, por exemplo, Hans Tietmeyer, presidente do Bundesbank, o Banco Central alemão: "Um certo número de países recentemente industrializados alcançará os países desenvolvidos, e haverá uma transformação qualitativa nesse processo, porque não serão apenas países pequenos, como Cingapura, mas gigantes, como a China e a Índia".
Percy Barnevik, presidente da multinacional suíça ABB (Asea Brown Boveri), citou dados que ajudam a entender o fascínio que os países asiáticos despertam.
"Os EUA levaram 43 anos para dobrar seu PIB, ao passo que a Coréia do Sul o fez em 11 anos, e a China, em apenas 9", disse, referindo-se às riquezas produzidas em um país num dado período.
Se as previsões vingarem, haverá uma formidável mudança na correlação global de forças, ao menos em termos econômicos.
Em grande parte por causa do avanço asiático, pela primeira vez na história, "países industrializados responderão por menos da metade da produção mundial", como assinalou Larry Summers, o subsecretário do Tesouro dos EUA.
Ou, como preferiu Barnevik, "o Atlântico Norte (onde ficam EUA e Europa) está deixando de ser o centro do mundo".

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