São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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CUT aguarda resposta de FHC

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A resposta do governo às reivindicações da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para a reforma da Previdência vai determinar os rumos da reunião da direção nacional da entidade, que se encerra hoje.
Ontem, os integrantes da CUT passaram o dia em debates e informes sindicais, mas sem colocar nada em votação. No primeiro dia da reunião, o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, afirmou que acredita que a instância vai referendar hoje o processo de negociação desenvolvido até agora com o governo.
O secretário-geral, João Vaccari Neto, disse que a entidade vai "votar em cima da resposta do governo". São três os pontos fundamentais em discussão:
1) A CUT não aceita o fim da aposentadoria proporcional para os trabalhadores do setor privado;
2) A CUT não aceita o limite de idade para que o funcionalismo público se aposente;
3) A CUT quer uma definição clara do significado do "tempo de contribuição" para aposentadoria.
Com relação a esse último ponto, a central, por exemplo, não aceita que um acidentado de trabalho, que fique um ano hospitalizado recebendo benefício da Previdência, não possa contar o tempo para a aposentadoria.
Vaccari afirmou que as negociações com o governo correm bem quando se trata do Executivo.
"Mas há líderes dos partidos governistas no Congresso que estão com uma postura clara de fazer picadinho do que se conquistou."
Vicentinho, chegou à reunião classificando-a como histórica. "Vamos decidir se a CUT está nas mãos de um só grupo ideológico ou de todos os trabalhadores."
Segundo Vaccari, a Articulação Sindical, corrente da qual faz parte, assim como Vicentinho, está coesa na reunião.
Assim que o governo der sua resposta à CUT, a Articulação Sindical se reúne para uma avaliação. Com mais de 60% de participação da corrente será determinante para o resultado da reunião.
Os setores mais à esquerda e minoritários na CUT ameaçam abandonar a reunião, caso o acordo com o governo seja votado.
Entre essas correntes estão o Movimento por uma Tendência Socialista (MTS) -que agrega o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), independentes, petistas e militantes do PCBõ, a Corrente Sindical Classista (PC do B) e a Alternativa Sindical Socialista, além da Andes (Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior) e alguns dirigentes petroleiros.
A Alternativa Sindical Socialista pretende convocar para 15 e 16 de março reunião com todos os grupos sindicais e partidários descontentes com o acordo.
O secretário sindical do PT, Delúbio Soares de Castro, acompanha a reunião da CUT. Afirmou que a convocação de um fórum contra as mudanças da Previdência, articulada pelo deputado Paulo Paim (PT-RS), não tem amparo da direção petista.

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