São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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Universidades públicas resistem a buscar financiamento não-estatal

FERNANDO ROSSETTI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

São tímidas as iniciativas das universidades públicas brasileiras na busca de fontes alternativas de financiamento. Seus orçamentos ainda são totalmente dependentes do Estado, que vem sinalizando -desde a década de 80- que o ensino superior não é o prioritário.
A Universidade de São Paulo, (USP) -maior do país, com uma comunidade de 80 mil pessoas- consegue, "na melhor das hipóteses", 10% dos seus recursos de outras fontes que não diretamente do governo de Estado, informa o reitor, Flávio Fava de Moraes, 57.
Desse total, cerca de 15% (portanto 1,5% do orçamento anual de R$ 766 milhões) vêm do setor privado.
Nos EUA, a proporção chega a ser quase inversa. Na universidade estadual de Virgínia (leste do país), a participação de verbas do governo é de 17% do orçamento. O resto vem de várias fontes.
"A característica do sistema americano é que tudo é pago, mas ninguém paga todo o custo", afirma o economista Claudio de Moura Castro, 53, chefe da Divisão de Programas Sociais do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de Washington, em entrevista por telefone.
As causas desse contraste são diversas. Começa por parte do próprio empresariado brasileiro, que até pouco tempo atrás tinha seus produtos protegidos da concorrência externa e não via necessidade em investir em pesquisa, novas tecnologias e qualidade.
"O setor privado não se interessa por pesquisa básica, tem a perspectiva do retorno rápido", constata Jacques Schwartzman, 50, professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em financiamento na área educacional.
Para Sérgio Henrique Ferreira, 61, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), "a indústria se voltará para a universidade à medida em que perder a visão imediatista".
"A cooperação para a pesquisa precisa de um tipo de empresa que não é regra no Brasil", diÁRIO

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