São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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Velloso é contra ministros em palanque

OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da autorização dada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, os ministros de seu governo não poderão subir em palanques na disputa municipal deste ano. O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Velloso, adverte que essa participação pode ser considerada abuso do poder político.
"É preciso cautela. Ninguém vai impedir os ministros de declararem o voto, mas não se pode subir em palanques ou participar de inauguração de obras públicas ao lado de candidatos durante a campanha. Isso não é possível", disse o ministro à Folha.
Segundo Velloso, a Justiça Eleitoral não vai tolerar o uso da máquina administrativa a serviço de candidatos. Para isso, o TSE pretende baixar instruções severas com o objetivo de impedir o abuso do poder econômico e político na campanha eleitoral.
A questão do financiamento das campanhas, por exemplo, vai ser tratada em uma resolução do tribunal que fixará procedimentos a serem seguidos pelos candidatos no momento de apresentar a prestação de contas à Justiça.
"Vamos aproveitar a experiência de 94, quando criamos o canhoto nos bônus eleitorais, que permitiu a identificação dos financiadores de campanha, para tornar as contas mais transparentes à sociedade", afirmou.
O presidente do TSE tem uma avaliação positiva quanto às chances de a emenda da reeleição vir a ser aplicada já nas eleições municipais de outubro, caso seja aprovada pelo Congresso.
Isso porque, segundo o ministro, os atuais prefeitos teriam de seguir o prazo limite de desincompatibilização -2 de abril-, previsto na lei eleitoral que regulamenta as eleições deste ano.
Prazos
A legislação estabelece aos detentores de cargos no Executivo que deixem o cargo até seis meses antes do pleito.
"A questão da reeleição valer para este ano é polêmica. Mas há quem afirme, aqui no TSE, que o princípio da anualidade só vale para a norma infraconstitucional. Ou seja, só vale para a lei eleitoral, não para as mudanças no próprio texto constitucional", disse.
Na condução da maior eleição da história do país, com mais de 100 milhões de pessoas aptas a votar em outubro, Velloso prevê uma apuração tranquila, sem risco de fraudes e tumultos, graças à implantação do uso do computador.
A novidade só atingirá 30% dos eleitores. Cerca de 73 mil "urnas eletrônicas" serão distribuídas nos municípios com mais de 200 mil eleitores e nas capitais.
"A informatização vai eliminar o processo de apuração, porque o voto vai ser computado automaticamente, banindo as fraudes eleitorais", diz Velloso.
Outra medida adotada pela Justiça Eleitoral para tentar evitar as irregularidades na eleição foi o desmembramento de grandes zonas eleitorais em alguns Estados. No Rio, onde houve casos de fraudes nas eleições de 94, foram desmembradas 40 zonas e criadas 70.

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