São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996 |
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Crise mexicana é dada como superada
CLÓVIS ROSSI
Pelo menos é essa a avaliação virtualmente consensual de autoridades, empresários e acadêmicos que participam do Fórum Econômico Mundial. O próprio presidente mexicano, Ernesto Zedillo, incumbiu-se de anunciar o fim da crise, em palestra no sábado. Depois de dizer que a crise fora mais severa do que a da dívida, que eclodiu em 1982, Zedillo garantiu: "O México conseguiu emergir dela muito mais rapidamente." Seu chanceler, Angel Gurria, foi até mais enfático: "O México virou a esquina para um futuro melhor e mais brilhante." Seu colega argentino, Carlos Menem, um dos mais afetados pelo tequila", também exalou otimismo. "Superamos a crise e, neste momento, estamos em pleno crescimento", afirmou. No Fórum-95, a crise mexicana fora o tema dominante, suscitara previsões apocalípticas e a avaliação de que era "a primeira crise do século 21", nas palavras de Michel Camdessus, diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional). Crise do século 21, mas superada, pelo menos na avaliação das autoridades presentes ao Fórum-96, com idéias do século 20 ou talvez 19, até 18. Ou, como disse Karel Dyba, ministro de Economia da República Tcheca: "Temo que não temos idéias novas, mas apenas velhas boas idéias." Quais são? Responde Larry Summers, subsecretário norte-americano do Tesouro: "O mundo definitivamente convergiu para o sentido comum. Há crescente consciência de que fortalecer os fundamentos é a chave para a estabilidade econômica". Por fundamentos, entenda-se orçamento equilibrado, política monetária austera, redução do peso do Estado. Em resumo, as reformas que se tornaram moeda corrente no mundo, em seguida ao desmoronamento do comunismo. O ministro brasileiro da Fazenda, Pedro Malan, bateu na mesma tecla ao comentar as lições da crise mexicana. "A crise ensinou que a melhor resposta é fazer como o México fez, ou seja, acelerar o processo de reformas", disse. O presidente argentino até se autocongratulou quando a Folha quis saber que lição deixara para seu país a crise mexicana. "Ficou perfeitamente estabelecido que nosso modelo está em condições de suportar esse tipo de situações. Portanto, vamos continuar com ele", respondeu. Em todo o caso, Malan foi o único a tocar no tema de uma maior coordenação internacional, em especial sobre a movimentação financeira, que se discutiu muito no auge da crise mexicana e depois se esqueceu. Malan insistiu em que algumas instituições internacionais não estão preparadas para uma ação muito rápida para conter o pânico que pode se estender a outros mercados emergentes, em caso de crises semelhantes no futuro. (CR) Texto Anterior: Mercosul ganha reconhecimento mundial Próximo Texto: Otimismo não combina com os dados sociais Índice |
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