São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Cartel do narcotráfico lucrou US$ 7 bi

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Um só cartel sul-americano de narcotráfico teve um lucro no ano passado de US$ 7 bilhões, acusa Louis Freeh, o diretor do FBI (Birô Federal de Investigações, a polícia federal norte-americana).
A revelação foi feita ontem, em debate sobre crime organizado promovido pelo Fórum Econômico Mundial, a maior assembléia de personalidades públicas, acadêmicas e empresariais que se realiza anualmente no planeta.
Outro debatedor, Jules Kroll, diretor de uma empresa privada de investigações, deu uma pista que pode estar ligada a outro eventual escândalo brasileiro, o Sivam. Disse que "os serviços secretos e de inteligência de alguns países, inclusive os EUA, estão sendo usados para ajudar a obter contratos, em concorrências públicas, para firmas de seus respectivos países".
Kroll não citou nome algum. Mas o jornal norte-americano "The New York Times", no ano passado, informou que a CIA (o serviço de inteligência norte-americano) havia denunciado ao governo brasileiro supostas propinas pagas pela firma francesa Thomson, que concorria com a Raytheon (EUA) pelo Sivam.
Em todo o caso, o investigador acha que o tom no Brasil "é agora melhor", em relação à corrupção, fruto do repúdio social a ela. Em outros países, como Itália e México, ocorre o mesmo, acha Kroll.
A juíza brasileira Denise Frossard, da 10ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, foi menos otimista do que Kroll. Para ela, o Brasil é um paraíso para a "lavagem de dinheiro" proveniente de negócios sujos. Por duas razões: não transformou em crime a lavagem de dinheiro e por estar próximo dos centros de produção e tráfico de cocaína (Bolívia, Peru e Colômbia).
Frossard, que vive há três anos sob proteção da polícia por ter prendido os principais bicheiros do Rio, foi consolada por Kroll: "Espero que possa descansar aqui em Davos", estação de esqui onde acontece o Fórum.

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