São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Projeto fixa normas para nudistas

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Viver nu em harmonia com a natureza pode ser uma atitude regulamentada por lei. Nas próximas semanas, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara deve votar projeto que fixa normas para a prática do naturismo em praias e áreas públicas de todo o país.
O projeto foi apresentado pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), a pedido da Associação Naturista do Rio de Janeiro. De acordo com o grupo, há mais de 70 milhões de adeptos do nudismo no mundo (100 mil só no Brasil).
Não há diferença entre o nudista e o naturista. A definição da Federação Internacional de Naturismo é "o modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática do nudismo em grupo, com o objetivo de favorecer o auto-respeito, o respeito pelo outro e pela natureza".
"O naturismo ainda é restrito às praias desertas e clubes particulares. Não existe motivo para isso", disse Gabeira. Segundo ele, é possível a aprovação da admissibilidade do projeto pela CCJ. A dificuldade seria aprová-lo nos plenários da Câmara e do Senado.
"Tenho respeito pelas colocações de Gabeira sobre o meio ambiente, mas, quando ele envereda para esse discurso de liberar maconha e estimular o nudismo, é demais", diz.
Há oito meses, o nudismo foi institucionalizado em Brasília. Na falta de praias e rios, um grupo de funcionários públicos arrendou um clube abandonado às margens da lagoa Formosa (80 Km de Brasília) e fundou o Planat (Clube Naturista do Planalto Central).
Com duas piscinas e uma vista privilegiada da lagoa, cerca de 80 pessoas, de todas as idades, se reúnem nos fins-de-semana para fazer o que mais gostam: ficar nus.
"Criei minha família sem roupa. Prego o nudismo como um evangélico prega a Bíblia. Estamos num ambiente familiar", disse o comerciante Elias Alves Pereira, 51. Sua filha Tatiane, 11, concorda: "Adoro ficar aqui. Convidei minhas colegas da escola, mas elas preferem ficar de maiô".
No fim-de-semana retrasado, a Folha visitou o clube. Vinte associados (eles pagam mensalidade de R$ 40) faziam churrasco, jogavam dominó e vôlei. "Você aceita seu corpo e se sente bem. Às vezes esqueço que estou nua", disse a secretária Flaviana Almeida, 22.
Seu marido, o bombeiro Marcelo Pereira, 23, diz sentir-se "livre das pressões" no clube.

Para informações sobre o Planat, escreva para a caixa postal 8868 - CEP 70312-970 Brasília (DF).

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