São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Classe média descobre o 'delivery'

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os consumidores de classes média e alta começam, lentamente, a descobrir as vantagens de um novo tipo de opção para facilitar suas compras: o serviço de entregas em casa das encomendas, feitas via telefone, fax ou mesmo computador.
Os resultados das primeiras experiências, feitas principalmente na cidade de São Paulo nos últimos meses, mostram que as empresas que decidiram explorar esse novo nicho de mercado não estão livres de tropeços.
Não se duvida de que o serviço de "delivery" (como está sendo anunciado pelas empresas) veio para ficar, como em outros países, mas existe também a certeza de que o retorno dos investimentos será lento.
Contrato rompido
A rede de supermercados Sé, por exemplo, decidiu não renovar seu contrato com uma empresa de entregas, a Pólux, para a qual tinha repassado a tarefa de centralizar o recebimento dos pedidos dos clientes e de entregar as encomendas nas suas casas.
Nas Iniciado em julho do ano passado, o serviço de entregas do Sé apresentou, até agora, resultados modestos em termos de pedidos, segundo o presidente da empresa, Peter Hardtmeier.
Rompido o contrato com a Pólux, o Sé está decidindo se vale a pena encontrar outra empresa para terceirizar as operações ou se é melhor o grupo mesmo se encarregar do negócio de "delivery".
Enquanto não se decide, repassou para as lojas a tarefa de receber os pedidos e fazer as entregas.
O grupo Eldorado, por sua vez, tem pronto um projeto para criar um esquema de entrega em casa dos pedidos dos clientes, mas, segundo a Folha apurou, decidiu adiar sua implantação, à espera dos resultados dos concorrentes que já oferecem a nova atividade para seus consumidores.
Opção desconhecida
Anneliese Brittes, diretora de marketing da In Haus, uma empresa que só faz o serviço de entrega, acredita que uma dificuldade para a expansão dos negócios nessa área é o próprio desconhecimento dos consumidores sobre essa opção. Depois de quase três anos desde o seu início, com um investimento de US$ 250 mil, a In Haus agora é lucrativa.
O Pão de Açúcar, o grupo de supermercados que mais fortemente está apostando no serviço de entregas, está registrando, de seu lado, um contínuo aumento no número de encomendas, mas os números ainda são modestos para uma empresa do seu porte.
Em janeiro, por exemplo, o número de pedidos para entrega em casa chegou ao recorde de cerca de mil, segundo informou João Paulo Diniz, diretor de novos negócios do Pão de Açúcar. No litoral de São Paulo, onde funciona um serviço de "delivery" do Pão de Açúcar durante o verão, 500 encomendas foram feitas durante o mês de janeiro.
Questão de imagem
Exatamente porque sabe que o retorno dos investimentos nessa área será demorada, a direção do grupo decidiu prestar menos atenção aos resultados financeiros da operação e mais aos benefícios para sua imagem como prestador de serviços, explicou Diniz.

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