São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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A força da equipe de atletas do Bispo

TVs têm vendaval de transferências
MARCELO FROMER
NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Adentramos já a segunda semana do nosso distinto campeonato. Como novidade, a presença dos clubes que emergiram da segundona fazendo o seu papel de embolar o bloco intermediário, tentando escalar a tabela e encontrar e garantir o seu lugar ao sol. O campeonato começa quente dentro das quatro linhas e fora delas também.
Acostumado a acompanhar -principalmente nos últimos tempos- o futebol mais pela TV do que nas arquibancadas, as equipes montadas pelas emissoras chamam atenção do torcedor. Numa agitação semelhante à dos clubes em pré-temporada, um vendaval de transferências chacoalhou o painel que já cristalizava.
Mais ou menos como um clube que há muitos anos não respirava o oxigênio das primeiras divisões, e num movimento característico do temperamental comandante dessa emissora, a Record, como um Lázaro heterodoxo, coloca sua seta espiritual no terreno profano do esporte. O Bispo resolveu galgar seus passos santos numa seara que andava pouco assistida pelos seus novos apóstolos. Montou uma tremenda equipe para atuar em São Paulo. Numa operação numérica entre os canais do seletor, deixaram o 13 e voaram para o 7 o irriquieto e atento Mário Sérgio, acompanhado pelas figuras de José Datena e Eli Coimbra. Para colocar a voz principal nas transmissões, chamaram o loquaz Luís Alfredo. A primeira transmissão da quadra de novos contratados foi um pouco caseira demais, puxando demais a sardinha para si mesma, mas é uma boa e nova opção. Para o Rio, a Record destacou os carioquíssimos Márcio Guedes e Paulo Stein, ainda fazendo o luto do comandante Bloch.
A Band recuou, mas, com o time que tem, ainda deve fazer bonito, principalmente com a forma atual de Tostão e Gérson e mais o parecer sentencional de Armando Nogueira. Com seus excelentes repórteres e grandes narradores, certamente manterá seu eleitorado.
A Gazeta, heróica, caricata, atípica, é um patrimônio da história de qualquer telespectador. Muitas vezes sua mesa-redonda é pega com muitos ângulos, chega a ficar quadrada. Mas Avallone e comandados sempre promovem um ruidoso show, seja ele de imagens, opiniões ou mesmo de desaforos.
A Cultura, clássica, paulistana, mas nacional, tem também seus tesouros e glórias como "Grandes Momentos do Esporte". O "Cartão Verde" já avança em seu terceiro (ou será quarto?) ano, com sua fórmula única e um trio de muito respeito.
A Globo deu um leve salto com Júnior, mas seu caráter "oficial" chega a aborrecer. Não dá para aceitar o Galvão Bueno narrando como se fosse o porta-voz presidencial...
O SBT manteve a tripla de ouro -dr. Osmar de Oliveira, Juarez "China" e Orlando Duarte- e a grande sacada do "Intervalo Inteligente", em que sustenta os 15 minutos intermediários com a presença dos que entendem do assunto.
Enfim, temos um novo quadro nas "velhas" emissoras e praticamente um calouro, a Record. Mas, como é do estilo e da ambição do Edir, já anunciou que para o próximo campeonato sua emissora irá patrocinar um time, certamente formado "só" por atletas de Cristo. Ou serão atletas do Bispo?

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

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