São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Insaciável, Palmeiras é quase perfeito

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Como se viu, estavam certos os cautelosos analistas que advertiam ser o Mogi um time de outra estirpe. Quem metera 4 a 0 no Guarani, em Campinas, não se humilharia diante desse Palmeiras insaciável. E não se humilhou.
Perdeu, dignamente, de 3 a 0, apenas, um placar que até outro dia era classificado de goleada por esses mesmos precavidos entendidos.
É bem verdade que Muller e Luisão perderam dois gols feitos, o que elevaria o placar para 5 a 0, o mínimo que os antigos exigiam para se considerar goleada. Mas isso é irrelevante. O que importa é que esse time do Palmeiras, nas atuais circunstâncias, é praticamente imbatível.
A não ser, quem sabe, por um time grande que se feche como um pequeno e, velas acesas, aproveite o mau humor dos deuses dispostos a darem uma lição de humildade a esse time quase perfeito.

Há uns 30 anos, o velho técnico Aymoré Moreira, campeão do mundo em 62, já dava sua receita para anular o líbero (beque-de-espera, liberado da marcação individual que prevalecia no futebol europeu, para cobrir, atrás, sua linha de defesa): basta colocar o centroavante em cima dele -homem a homem, não há líbero.
A lição perdeu-se no tempo, pois o que se viu sábado à noite foi um Santos impotente, sem saber o que fazer com a bola que lhe pertenceu ao longo de toda a partida contra o São Paulo, enquanto Gilmar, que entrou no lugar do armador André à última hora, ficava lá atrás limpando a área. Pior: na ausência de um centroavante típico, Giovanni, o maior talento do nosso futebol atual, ficou por ali, aprisionado pelos três zagueiros tricolores.
O máximo que conseguiu foi encenar um pênalti que ele mesmo converteu em falsa esperança, pois o São Paulo, em duas pontadas seguidas -com Guilherme e Almir-, virou o jogo e resgatou mais uma vez o chamado futebol de resultados que esse mesmo Santos, juntamente com o Botafogo, no final da temporada passada havia desafiado e vencido.
Sim, porque se o tricolor de Muricy começou o jogo num evidente 5-3-2, terminou com um inusitado 8-1-0, sem contar o goleiro Zetti e o lateral Guilherme, expulso: oito zagueiros, um armador e só.

E o Corinthians segue driblando seus problemas: na ausência de um goleador nato, Edmundo e Marcelinho vão cumprindo tal papel; na falta de preparação do conjunto adequada, entra em campo o talento individual de Souza e cia. Foi assim no meio da semana, contra o Araçatuba.
E foi assim, no sábado, contra o bem armado Rio Branco de Cláudio Duarte. Resultado: 3 a 0, que poderiam ter sido 5 ou 6, pelas chances desperdiçadas por Edmundo, Robson e Souza.
A questão agora é rearmar esse meio campo, desfalcado de Zé Elias e Souza, o que, não me parece um grande problema: para fazer dupla defensiva com Bernardo, Júlio César ou até André Santos; para o lugar de Souza, dois canhotos hábeis -o experiente João Paulo e o menino Leônidas.
Como diria o poeta, o Corinthians é um eterno recomeçar.

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