São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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O PEQUENO LAMA

ISABELLE SOMMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Michel Lenz César Calmanowitz, 14, deixou a família, a escola, os amigos e uma vida de classe média-alta para viver como monge em Sera-Me, uma vila humilde no sul da Índia.
Lama Michel Rimpoche, como é conhecido, voltou ao Brasil para rever o que deixou e lançar o livro "Uma Jovem Idéia de Paz - Conversas com o Lama Michel Rimpoche".
Ele se tornou lama (sacerdote budista) em fevereiro de 1994, depois de ser reconhecido como um tulku, reencarnação de um lama tibetano.
Tudo começou há quatro anos, quando viajou para o Tibete com o pai e sentiu "uma conexão" com o budismo praticado lá, um país que desde 1959 está ocupado pela vizinha China.
A partir daí, sabendo que era um tulku, começou a considerar a idéia de viver na vila indiana de Sera-Me, vila onde vivem muitos dos tibetanos que fugiram depois que seu país foi invadido.
Desde então, o jovem lama se comprometeu a respeitar cinco votos: não tomar drogas (e bebidas alcoólicas), não mentir, não roubar, não matar e não ter relações sexuais.
Quando Michel decidiu virar monge, já estava com a passagem marcada para uma viagem à Índia. Para se despedir, fez uma festa em seu apartamento.
"Eu convidei uns dez amigos. Vieram 40. Antes de tomar a decisão (fazer o voto de não beber), resolvi ver como é. No final da festa, estava em coma alcoólico", diz.
Michel foi internado, mas embarcou para a Índia com o pai. Sua mãe, que estava na Europa, só ficou sabendo depois que voltou de viagem.
Os pais, budistas, acabaram aceitando sua decisão. O problema foi com o resto da família. "Metade é protestante, a outra metade é judia".
O futuro, isso ele ainda não pensou. "A cada seis meses eu penso se fico lá ou volto. Mas mesmo se eu voltar, a experiência vai me servir para alguma coisa", diz.

Nome: "Uma Jovem Idéia de Paz - Conversas com o Lama Michel Rimpoche"
Autor: Isabel Lenz Cesar
Preço: R$ 15 (no lançamento)
Quando: sexta-feira, às 21h
Onde: Livraria Spiro, al. Lorena, 1.979, Jardins (zona sul), tel. (011) 853-8855

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