São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Lançamento comemora aniversário de Radamés

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

O compositor, pianista, violista e arranjador gaúcho Radamés Gnattali (1927-1988) certa vez deu a seguinte explicação sobre o que é inspiração: "...faço às vezes quatro músicas diferentes. Um trio, um quarteto, uma sinfonia, tudo ao mesmo tempo, e dá tudo certo. Como pode? Acho que da minha cabeça não é. Só se tem outra pessoa dentro de mim e eu não sei".
A ironia e a modéstia que marcaram sua vida estão no vídeo e no livro de Aluísio Didier que estarão sendo lançados amanhã no Banco Real (av. Paulista, 1.374), comemorando 90 anos do nascimento de Radamés.
O documentário foi inicialmente rodado para o cinema. "Transformei em vídeo porque não haveria interesse comercial", diz Didier.
Acompanha a fita um livro dividido em duas partes: uma biográfica e outra com comentários do músico sobre diversas matérias.
Um dos maiores méritos de Radamés foi ter consolidado, assim como Villa-Lobos, a ponte entre erudito e popular. "Radamés nunca fez fusão, era versátil nas duas e criava possibilidades através da experimentação", diz Didier.
Radamés inovou arranjos. Podia fazer de um instrumento de sopro a percussão de uma orquestração ou desdobrar a melodia fazendo de cada nota um acorde elaborado.
Durante os anos 30, acompanhou cantores como Orlando Silva e Sílvio Caldas, difundindo o uso de cordas nas canções românticas.
Fez mais de 10 mil arranjos e levou o ragtime, o jazz e o choro para o espaço da música erudita. Sua mistura musical, casando cordas e o jazz, fincou um referencial para a bossa nova, que nasceria alguns anos depois. Nada mal para quem definia candidamente sua ambição deste jeito: "...eu só quero mesmo é fazer música que preste para depois tomar meu chope".

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