São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Desvio de verba; Pesquisa viciada; Projeto Sivam; As elites e a reeleição; Interesses eleitoreiros; Questão de idade; Xô Satanás

Desvio de verba
"A Folha (21/1) publicou em manchete que "Universidades federais desviam US$ 500 milhões". Segundo a reportagem, o dinheiro para pagar pessoal foi utilizado em custeio, e gratificações indevidas foram pagas para aposentados. Cita também situações de extensão administrativa de dupla vantagem. Tudo isso, de acordo com a Folha, foi possível pelo fato de essas instituições federais de ensino superior não estarem controladas pelo governo, por meio do Siape (Sistema Integrado de Administração de Pessoal). A Folha diz ainda que havia pagamentos de DAS (Gratificação por Direção e Assessoramento Superior) a servidores que ocupavam cargos de confiança. Finalmente, nominou algumas universidades federais citadas pela auditoria, onde incluiu a UFPel (Universidade Federal de Pelotas). Deve ser ressaltado que a UFPel em momento algum praticou qualquer irregularidade ou ilicitude. Descendo a minúcias, esclarecemos que na UFPel foram constatados os seguintes casos: contratação temporária de um professor substituto, da qual dependia a conclusão de semestre letivo, e cuja repercussão foi de R$ 570; pagamentos indevidos por insalubridade, no valor de R$ 1.127, que foram corrigidos e devolvidos; e pagamentos de horas extras, totalizando R$ 22,6 mil mensais, que apresentamos justificativas ao Tribunal de Contas da União."
Professor Antonio Cesar G. Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (Pelotas, RS)

Resposta dos jornalistas Vivaldo de Souza e Paulo Silva Pinto - A própria carta do reitor mostra que a auditoria do governo detectou pagamentos indevidos aos funcionários.

Pesquisa viciada
"A pesquisa da Igreja Universal do Reino de Deus (14/1) está viciada em sua raiz. Entraram na pesquisa os '221 evangélicos' que participaram da manifestação da IURD no Anhangabaú, dos quais o pesquisador sabia, portanto de antemão, serem adversários da Igreja Católica. Se não frequentam a Igreja Católica, como é que 41% dos nossos irmãos dissidentes podem afirmar que 'os padres não explicam a Bíblia à população'? Quanto à porcentagem dos espíritas, convém saber que inumeráveis deles continuam frequentando simultaneamente a Igreja Católica. É totalmente inimaginável que apenas 1% dos 'fiéis' (católicos) consultados tenha condenado o 'chute'. Durante os anos todos em que venho folheando a Folha, em dia nenhum encontrei alguma reportagem, algum artigo, que exaltasse alguma obra social ou educacional das numerosas que a Igreja Católica mantém. É uma não estranha 'filosofia', aliás ética, de um jornal."
José Lino Schmitt (Gaspar, SC)

Projeto Sivam
"Em relação à reportagem 'FHC e líderes fazem acordo para aprovação do Sivam' (12/1) tenho a seguinte observação a fazer: a questão para a contratação da Raytheon para a execução do Projeto Sivam é objetiva -ou existem irregularidades consistentes em vício insanável (e é o que parece) e, portanto, o contrato é nulo; ou os vícios são sanáveis, e o poder público pode convalidá-lo; ou, finalmente, não há irregularidade e o contrato deve se aperfeiçoar. Como tudo indica, as irregularidades são insanáveis, e, assim sendo, é dever do Estado anulá-lo. Não existe a faculdade para se fazer qualquer 'acordo' acerca de tal contrato. O senhor presidente da República diz não ver irregularidades que impeçam que o mesmo se efetive. É claro que não vê. Ele não é jurista, é político, e pensa que o interesse econômico das partes envolvidas está acima do interesse público."
Priscilla F. da Cunha Rodrigues, professora de direito administrativo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (São Paulo, SP)

As elites e a reeleição
"O artigo do deputado tucano Antonio Kandir (31/1) confirma que as elites brasileiras não são a favor da tese da reeleição do presidente, senão a teriam aprovado quando Lula era favorito. São a favor da reeleição de FHC, porque sabem que é ele quem fará a aliança da nova direita no poder."
Emir Sader, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Interesses eleitoreiros
"A propósito do excelente artigo 'A vastidão dos Párias', do sr. Janio Freitas, onde se esclarecem as injustiças que os senhores deputados querem manter no bojo de nossa infeliz Constituição de 1988, venho sugerir uma urgente campanha de esclarecimento à opinião pública. Acredito que infelizmente a maioria dos deputados é movida por interesses eleitoreiros, cedendo no caso às pressões do corporativismo, beneficiando a casta dominante dos funcionários públicos, em detrimento dos outros 90 milhões de brasileiros que pagam a conta dos privilégios e mordomias e altos salários dos ditos marajás do serviço público. A campanha consistiria em divulgar os malefícios que tal política de manutenção de privilégios causa à economia do país. Seriam divulgados destacadamente os nomes dos deputados que votarem a favor da manutenção dos privilégios, bem como dos outros que votarem a favor do Brasil e seus milhões de trabalhadores injustiçados. Ao se saberem vigiados pela imprensa e opinião pública, pode ser que alguns deputados votem conscientemente e consigamos o milagre de endireitar este país."
Rinaldo de Andrade Pinto (Vassouras, RJ)

Questão de idade
"Os inexperientes e indisciplinados jogadores têm menos de 23 anos. Por que não 24, 25 ou 26? É inexplicável esse preconceito com a idade. O que se viu da experiência foi amplamente negativo: quando surgiu pela frente uma seleção de peso, como a mexicana, os rapazes se perderam na lama do campo, teimando em jogar pelo centro, quando a parte mais seca do campo estava nas extremas; e o adversário, que não é bom moço, jogou pesado e violento. Deve-se perguntar se o jogador em campo deve reclamar do juiz? A regra estabelece que o capitão é quem fala pelo time e apresenta a reclamação. Os demais devem esperar que o juiz puna a jogada faltosa. Por isso ele é o árbitro. Se Zagalo não consegue segurar os jogadores inexperientes e indisciplinados, é preciso reforçar as aulas de conduta em campo com um professor competente e um psicólogo capaz. Quanto a Zagalo, embalado nas 25 vitórias anteriores, pouco observou seus pupilos, deixando de trocar aqueles que jogavam mal e distribuíam pernadas. Zagalo: caia na real e pare com essa mania de seleção de novos. Para chegarmos a Atlanta, é preciso organizar a seleção definitiva, sem limite de idade."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

Xô Satanás
"Depois da celebração do Natal sem Cristo (Luc. 2:7), surge a festa do Carnaval ridicularizando a pessoa de Jesus, com a música 'Xô Satanás'. Carnaval é festa de origem pagã, na qual se homenageia a figura mitológica chamada Momo. O nome de Jesus lembrado nesta festa de corrupção é um sacrilégio e profana o nome de Deus. A epístola de Gálatas 6:7 condena categoricamente esse ultraje, a saber: 'Não vos enganeis, de Deus não se zomba, pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará'. 'Bem aventurado o povo, cujo Deus é o Senhor' (Sl. 144:15)."
Antonio Pacitti (São Paulo, SP)

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