São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Zebu vai ganhar sangue-novo da Índia
CARMEN BARCELLOS
Durante a viagem do presidente Fernando Henrique Cardoso à Índia, no mês passado, foi acertado um acordo que libera o intercâmbio entre os dois países. As últimas importações legais foram feitas pelo Brasil em 1962. Depois foram suspensas para evitar a entrada no país de gado contaminado por doenças exóticas. "Hoje não há impedimentos, pois a Índia já conta com regiões de pecuária livres de problemas sanitários", afirma José Olavo Borges Mendes, presidente da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu). Segundo ele, a ABCZ e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) vão realizar estudos para selecionar material genético dos melhores animais indianos produtores de carne e leite. "O rebanho brasileiro é bem mais evoluído do que o indiano. Mas a mistura com raças puras, que não vieram para o Brasil, poderá resultar num melhoramento ainda maior em peso e rendimento de carne", explica Mendes. Ele afirma que o Brasil tem interesse principalmente por animais das raças guzerá, ongole (nelore) e gir (leiteiro). "O cruzamento com os poucos espécimes de ongole que vieram para o Brasil em 62 demonstrou um acréscimo de peso de 800 kg para 1.200 kg por animal", diz. Para Mendes, o acordo representa uma das últimas oportunidades para obter material genético de raças puras de corte. "Elas tendem a desaparecer, porque os indianos não investem na produção de carne", afirma. Mendes, que integrou a comitiva presidencial na visita à Índia, conta que o governo daquele país vem estimulando cruzamentos com gado holandês, com o objetivo de produzir mais leite. "Por isso, eles manifestaram a intenção de importar do Brasil material genético das raças gir (leiteira) e nelore (para tração)", diz o presidente da ABCZ. Mendes explica que o intercâmbio por meio de sêmen e embriões facilitou o fechamento do acordo, por ser um material selecionado e controlado, o que dificulta a disseminação de doenças. Para acelerar o processo de reprodução, os pecuaristas brasileiros poderão enviar sêmen para ser fecundado por fêmeas indianas e trazer o embrião já formado. O acordo também abre o mercado para a troca de material genético de búfalos entre os criadores dos dois países. Texto Anterior: Produção de escargot entra em crise Próximo Texto: Rebanho é o 2º do mundo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |