São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996 |
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Tráfico do Rio abre 'filial' em Niterói
SERGIO TORRES
A migração das quadrilhas do Rio para as cidades vizinhas já foi identificada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado, que, na semana passada, realizou uma grande operação de repressão ao tráfico nas favelas niteroienses. O diretor da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil, delegado Marcos Reimão, 32, chefiou a ação. Com o passar dos anos, mais poderosos, os traficantes cariocas passaram a dominar as favelas onde antes costumavam se esconder. Um dos esconderijos usados no início da década de 80 por José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, era a favela Nova Brasília, entre Niterói e São Gonçalo. Hoje, a quadrilha do morro do Juramento (Vicente de Carvalho, zona norte do Rio), reduto de Escadinha, domina o tráfico na Nova Brasília. Segundo a Polícia Civil, quem controla a venda de drogas no Juramento é Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê. Apontado pela polícia como o maior traficante em atividade no Rio, Uê também estaria à frente da venda de drogas no morro do Cavalão, na zona sul de Niterói. Desde a morte de Robinho e a prisão de seu irmão Cadá, no ano passado, que a quadrilha de traficantes do Cavalão estaria sendo controlada por criminosos do morro do Adeus (Bonsucesso), cuja chefia é creditada a Uê. O diretor da 1ª Divisão Regional de Polícia Civil, em Niterói, delegado Eide Trindade, 50, disse que já foram presos vários "soldados" do tráfico enviados do Rio para Niterói pelos "chefões". "Já prendemos elementos do morro da Mineira (Catumbi, zona norte do Rio) atuando no morro da Lagoinha", afirma Trindade. O morro da Lagoinha fica no Caramujo, bairro pobre na periferia de Niterói. O suposto líder da favela é Ricardo Afonso Gonçalves, o Calu, 30. Calu seria uma espécie de testa-de-ferro de traficantes da Mineira, onde a venda de drogas teria Nelson Gabino como líder. A ligação entre a Mineira e a Lagoinha é antiga. Há cinco anos, Calu já teria envolvimento com Altair Ramos, o Nai, suposto ex-chefe da favela carioca. "Niterói, pela proximidade, não ficou imune à ação das quadrilhas do Rio. Nas guerras entre bandos de Niterói sempre há a ajuda de traficantes cariocas", afirmou Trindade. As favelas dos municípios da Baixada Fluminense (região na periferia do Rio) também estão sendo invadidas por traficantes do Rio. O diretor da DRE disse à Folha que traficantes de Vigário Geral (zona norte do Rio) já controlam a venda de drogas na favela K-11, em Nova Iguaçu (cidade a 20 km do Rio), e em morros de Duque de Caxias (a 15 km do Rio). Texto Anterior: Jobim condiciona verba a planos para a infância; Provas de aptidão da Unicamp começam hoje; Chuvas deixam 350 desabrigados em Peruíbe; Rio Preto faz apreensão recorde de crack; Supersena sai para 1 de Santos e 1 de Cubatão; SUPERSENA Próximo Texto: Presos acusados de abastecer morros Índice |
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