São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Presos acusados de abastecer morros

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Agentes da Polinter (Divisão de Capturas e Polícia Interestadual) prenderam, na madrugada de ontem, quatro homens -um deles um boliviano- que seriam responsáveis pelo abastecimento de cocaína a duas favelas do Rio.
Foram presos o boliviano Waldemir Vasquez Pereira, 18, o brasileiro Fábio Pereira Parraga, 18, acusados de trazer a droga da Bolívia, o ex-soldado PM Nélio Carlos do Nascimento e Cristiano de Sá Silva, 23.
Nascimento e Silva seriam os responsáveis pela distribuição da cocaína nos morros do Turano, na Tijuca (zona norte), e no Pavãozinho, em Ipanema (zona sul). Nascimento pediu baixa da Polícia Militar em setembro passado.
O diretor da Polinter, Pedro Paulo Pontes Pinho, disse que os quatro foram presos quando saíam do hotel São Carlos, na praça da Bandeira (zona norte), com 1,7 kg de cocaína pura. Eles não estavam armados e não reagiram à prisão.
Segundo Pinho, Pereira e Parraga vinham sendo investigados por agentes da DEA (agência norte-americana de combate às drogas). Os dois têm casa em Corumbá (MS), primeira parada da droga trazida da Bolívia.
O delegado afirmou que, há cerca de dois meses, agentes da DEA, com ajuda das autoridades de Corumbá, teriam tentado prender Pereira e Parraga em flagrante, mas não tiveram sucesso.
O delegado disse que Pereira e Parraga devem ter trazido cerca de 5 kg de cocaína pura da Bolívia, mas já haviam entregue a maior parte no morro do Pavãozinho.
Teriam sido presos quando saíam para entregar o resto no Turano.
Só com a venda da cocaína apreendida, Pereira e Parraga conseguiriam cerca de R$ 70 mil. Descontando-se o preço pago na Bolívia, Pinho afirmou que o lucro líquido dos dois era de R$ 50 mil.
O delegado afirmou estar há duas semanas atrás dos quatro, e que os agentes só decidiram prendê-los ontem após se certificar que estavam todos juntos e com o flagrante de cocaína.
"Foi importante ter prendido também os contatos dos dois no Rio", disse Pinho. Para o delegado, os quatro montaram um esquema de tráfico muito comum no Rio: a vinda de pequenas quantidades de cocaína de cada vez.
"O Rio não produz drogas, e a gente sabe que a droga vem aos poucos", diz, afirmando que grandes apreensões só ocorrem, em geral, no aeroporto internacional.
Segundo ele, Pereira comprava cocaína pura em Quijarro, sua terra natal na Bolívia, com um fornecedor chamado Guilermo Flores Montanha.

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