São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Custo da educação supera inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O setor de educação foi o grande "vilão" da inflação nos últimos 12 meses. Enquanto a inflação acumulada de 1º de fevereiro de 95 a 31 de janeiro de 96 foi de 24,41%, o custo com educação subiu 73,04% para os paulistanos no mesmo período.
Os números foram apresentados ontem pelo economista Heron do Carmo, coordendor do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O aumento no setor de educação superou em 39,1% a inflação média do período. Só em janeiro os custos com educação subiram 16,24%. Os maiores reajustes ficaram para matrículas, que tiveram alta de 19,61% no mês.
Heron do Carmo diz que um dos motivos do aumento exagerado é que o governo sempre fez vistas grossas para as leis que ele mesmo cria.
"Se há lei para o setor, ela deve ser cumprida", diz o coordenador do IPC da Fipe.
O aumento acentuado no setor nos últimos 12 meses se deve praticamente ao reajuste de matrículas e mensalidades escolares, que subiram 88,15% nas escolas de primeiro e segundo graus e nas universidades de São Paulo.
Os aumentos de material escolar e de livros didáticos também superaram a inflação no período, mas com taxas menos acentuadas. Pesquisa da Fipe apurou que as altas foram de 29,82% e de 32,64%, respectivamente.
Índice
Ontem a Fipe também divulgou a taxa de inflação de janeiro: 1,82% (leia texto abaixo). A tendência é de baixa para os próximos meses, pois se o setor Educação pressiona a taxa cima, outros setores a empurram para baixo.
O índice será pressionado para baixo, por exemplo, pelo setor de habitação. Os aluguéis estão com reajustes menores e os custos com manutenção do domicílio (tarifas e outras despesas) já tiveram seu pico de reajuste em janeiro.
Os aluguéis foram reajustados em 3,3% em janeiro, abaixo dos 4,68% de dezembro. É a menor taxa de reajuste do Plano Real.
O setor de vestuário, devido às tradicionais liquidações de fevereiro, devem empurrar a taxa de inflação ainda mais para baixo, segundo Heron do Carmo.
Dois setores vão pressionar a inflação em fevereiro -transportes e despesas pessoais.
Em janeiro, o setor de transportes teve queda de 0,56%, devido ao recuo dos preços da gasolina e do álcool e ao fim da bandeira dois durante o dia para os táxis.
Já os preços no setor de despesas pessoais devem subir neste mês, diz Heron do Carmo, devido ao maior consumo desses produtos no Carnaval.
Na comparação de janeiro com dezembro, dois itens puxaram a inflação para cima: alimentos e educação.
Com a taxa de 1,82% em janeiro a inflação acumulada nos últimos 12 meses subiu para 24,41% em São Paulo. Os alimentos subiram apenas 9,22% no período.

Texto Anterior: Educação sobe 73% em 12 meses
Próximo Texto: Inflação fica abaixo de 2% em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.