São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Censura e Carnaval

MARIA ERCILIA
DA FOLHA ONLINE

Nasce uma nova sigla: SET (Secure Electronic Transactions). Ela é filha da associação da Mastercard com a Visa, que vão trabalhar juntas num padrão de pagamento eletrônico.
Originalmente havia dois acordos concorrentes. A Netscape estava trabalhando com a Mastercard e a Microsoft com a Visa. O novo padrão vai ser gratuito e deve estar disponível no fim de 96.
A parceria Microsoft/Visa previa que a primeira ia ter uma porcentagem das operações realizadas com o padrão. As coisas mudaram...
A Microsoft acaba de enterrar também seu projeto Blackbird. Tratava-se de um produto para criar páginas de Web que pretendia substituir o HTML por um novo padrão. Não deu. A Microsoft afirmou que a partir de agora vai trabalhar com o HTML, num produto batizado de Internet Studio. Ou seja: na semana passada a empresa de informática teve de se curvar a dois padrões abertos e gratuitos para a Internet.
Mas nem tudo são flores neste comecinho de fevereiro. Na quinta-feira passada a Câmara e o Senado norte-americanos realizaram a votação final no pacote de reforma das telecomunicações que vem sendo debatido desde junho do ano passado. No meio dele vem aquela famigerada emenda que criminaliza a transmissão de material dito indecente pela Internet.
Não deu nem para a saída: a Câmara e o Senado aprovaram todo o pacote. Agora só falta a assinatura de Clinton, que já afirmou que não deve vetá-lo.
Mesmo assim, é difícil que a Internet americana vire a Vila Sésamo. O que vai acontecer provavelmente é uma enxurrada de processos, já que a emenda põe em risco a liberdade de expressão, com sua definição ampla e imprecisa de indecência.
A Voters Telecomm Watch (http://www.vtw.org) até pintou sua página de preto, em sinal de luto. A HotWired (http://www.hotwired.com) publicou um editorial intitulado "Quinta-feira Negraïï.
É uma ironia só. O mesmo país que nos dá as corporações famintas e monopolistas acena com a utopia dos padrões abertos, do "gratuito e para todosïï. O mesmo país que eleva a Internet a paraíso da liberdade de expressão aprova uma lei ridícula que coíbe e infantiliza a comunicação.
Aliás, o Free Ride (http://www.freeride.com) é um bom exemplo prático dessa ambiguidade toda. Promete Internet grátis, mas invade sua privacidade com exigências de consumo. A empresa arrumou uns "patrocinadoresïï que pagam parte de sua conta de acesso à Internet... se você mandar uns cupons provando que consumiu o produto deles. Até que não é má idéia.
Cerveja na Web
Samba, suor, cerveja e Internet. Entrou no ar o http://www.antarctica.com.br/, que foi lançado com uma campanha publicitária em que se vê somente este endereço na Web, sem maiores explicações. É a primeira publicidade brasileira que confia na inteligibilidade de um endereço na Internet...

net notas
Acabou a infinita série de versões beta do Netscape. A versão 2.0 está disponível desde ontem no http://www.home.netscape.com/. A empresa demonstra no http://proto.netscape.com os recursos do novo programa. E já está para lançar o 2.1. Lá vamos nós outra vez...

Carnaval para inglês ver. No endereço http://www.elogica.com.br/carnaval vai ter dez novas fotos da folia em Olinda a cada meia hora -durante os quatro dias!.

Gustavo Viberti, do índice Cadê?, relata os resultados de três dias de pesquisa sobre browsers em sua página. Em 4.600 acessos, 89% dos usuários usava o Netscape, 4% usavam o Internet Explorer, 2,9% usavam o Mosaic e 1,8% usavam o Chameleon. O Netscape tem aqui uma fatia ainda maior que no mercado norte-americano, onde é preferido por 75% dos usuários.

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