São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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FBI pode abrir escritório na Argentina

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O governo argentino autorizou o FBI (Birô Federal de Investigação), dos EUA, a abrir um escritório em Buenos Aires. A Argentina seria o 24º país a ter uma filial da polícia federal norte-americana.
A intenção de ambos países seria estabelecer um intercâmbio de informações e colaboração no combate à corrupção, ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro.
A negociação ocorreu durante reunião paralela ao Fórum Econômico Mundial, no último domingo, em Davos, na Suíça.
Estiveram presentes o presidente argentino, Carlos Menem, e o diretor do FBI, Louis Freeh.
"Assim como a economia se globalizou, os delitos também se globalizaram", explicou Menem.
Durante a conversa, Menem tentou reforçar seus argumentos. Disse a Freeh que há alguns anos vem defendendo publicamente a pena de morte para traficantes de drogas na Argentina.
Ontem, o ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, confirmou que o atentado contra o general chileno Carlos Prats será um dos primeiros casos da parceria do FBI com os serviços de segurança argentinos.
Prats era o chefe do Exército no governo Salvador Allende (1970-1973) e vivia em exílio na Argentina. Ele foi assassinado em Buenos Aires em 1974.
O interesse dos EUA neste caso se concentra no fato de que a investigação em andamento aponta a participação do norte-americano Michael Townley no atentado.
Townley já foi condenado pela Justiça dos Estados Unidos pelo assassinato do ex-chanceler chileno Osvaldo Letelier, em Washington (EUA), em 1976.
Outro caso que deve exigir a parceria do FBI é a investigação sobre corrupção no Banco de La Nación Argentina, que envolve diretamente a IBM -empresa de capital norte-americano.
O caso tornou-se público em agosto de 1995. A IBM havia assinado um contrato para a informatização do banco estatal no valor de US$ 250 milhões. No entanto, subcontratou duas empresas fantasmas para fornecer tecnologia.
Em setembro, parte da diretoria da IBM da Argentina foi demitida e o presidente do Banco de La Nación, Aldo Dadone, também.
O FBI está encarregado de apurar se os dividendos da IBM foram desviados para o pagamento de operações ilegais.
Há sete dias, agentes norte-americanos estiveram em Buenos Aires em busca de novos dados.
O ministro Cavallo negou que a abertura de um escritório do FBI em Buenos Aires esteja vinculada à elucidação deste caso.

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